A mudança na remuneração das cadernetas de poupança só acontecerá com as que forem abertas a partir desta sexta-feira (4). A decisão foi bem recebida pelas centrais sindicais - CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CGTB - já que dá garantias aos poupadores atuais, não alterando o cálculo dessas aplicações.
As novas regras, estabelecidas a partir de medida provisória, foram detalhadas em uma reunião entre os dirigentes das seis centrais brasileiras, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A partir de agora, o governo vai atrelar a remuneração da poupança à taxa básica de juros, a Selic, substituindo o critério atual de remuneração da poupança, que é de 6,17% ao ano mais variação da Taxa Referencial (TR). Agora, o rendimento será a partir da variação da TR mais 70% da Taxa Selic, quando a taxa básica de juros chegar a 8,5%, ao ano ou menos. Atualmente, a Selic está fixada em 9% ao ano.
"Baixar juros, mexer com câmbio e buscar uma carga tributária mais equilibrada, são medidas positivas. Nossa maior preocupação era assegurar a manutenção das regras do jogo para as atuais poupanças, o que já foi assegurado. Isso torna o ambiente mais favorável para o debate (sobre mudanças futuras)", declarou ao Vermelho Nivaldo Santana, vice-presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Nivaldo, que também é secretário Nacional Sindical do PCdoB, destacou os desafios atuais do Governo Dilma na área econômica: "A medida [atrelar a poupança à Selic] faz parte de uma estratégia mais ampla do governo para enfrentar três grandes questões: juros altos, câmbio valorizado e carga tributária excessiva. Para começar a enfrentar isso, em ambiente mais favorável, essa é uma das medidas necessárias para que a poupança não sirva como um anteparo, que impeça a redução maior de juros".
Ou seja, na prática a medida vai permitir que o governo continue a baixar os juros sem que os grandes investidores se sintam estimulados a migrar para a poupança e deixem de comprar títulos públicos.
A Força Sindical faz coro com a CTB. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em sua página na internet, reconheceu que "o fato do governo não mexer nas poupanças atuais é positivo, afinal, todos os direitos serão preservados". Mas, disse que a direção da central ainda analisará o impacto das medidas em outros fundos.
Uma nova reunião foi marcada para terça-feira (8), às 11h, com os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República; e Brizola Neto, do Trabalho e Emprego, e as centrais sindicais para discutir a pauta dos trabalhadores que inclui a isenção do Imposto de Renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), fim do fator previdenciário.
"A mudança é importante para manter os grandes investidores onde estão, impedindo uma fuga de capitais para a poupança, que passaria a render mais que os fundos públicos. O governo já sinalizou que continuará baixando os juros e o spreed bancário [diferença entre os juros que os bancos pagam para tomar capital e a taxa que cobra dos correntistas]. Dessa forma, os grandes investidores devem ficar onde estão", ponderou o presidente da CTB, Wagner Gomes, que esteve presente na posse do novo ministro do Trabalho Brizola Neto.
Para o dirigente sindical, a indicação do novo ministro é outro sinal positivo do Governo Dilma em relação ao trabalhador. "Seu discurso de posse nos causou boa impressão, ao defender o ministério como um órgão do trabalhador, desde quando surgiu, na década de 1940 . Trata-se de um dos principais ministérios que estava precisando de alguém com o perfil do Brizola Neto", comentou Wagner Gomes.
Sinalização
O governo federal declarou guerra ao sistema financeiro no pronunciamento da presidente Dilma no 1º de Maio, em rede nacional, quando falou abertamente sobre a necessidade de os bancos reverem a sua atual política perversa. (Fonte: Portal Vermelho)