MENDOZA, Argentina, e BRASÍLIA — Na última segunda-feira, técnicos da Chancelaria paraguaia chegaram a Mendoza para as reuniões preliminares da cúpula de presidentes do Mercosul, que começa oficialmente nesta quinta-feira. Apesar de Brasil, Argentina e Uruguai não terem reconhecido a Presidência de Federico Franco, o Paraguai imaginou que seus negociadores poderiam, ao menos, acompanhar as discussões. Para sua surpresa, porém, foram “amigavelmente convidados a retornar a seu país”.
Pela primeira vez na História do Mercosul, um dos quatro países fundadores do bloco foi excluído de uma cúpula, na qual nesta quarta-feira reinava um clima de absoluta incerteza em relação ao futuro do Paraguai. Até amanhã, o país está suspenso. E as dúvidas sobre sua situação só deverão ser dissipadas em um café da manhã entre os presidentes José “Pepe” Mujica, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner.
Uma das possibilidades mais fortes é a de que a suspensão seja prorrogada até as eleições presidenciais paraguaias, em abril de 2013. Fontes dizem que sanções econômicas são improváveis, assim como a expulsão definitiva do país do bloco.
Na quarta-feira, negociadores brasileiros, argentinos e uruguaios avançaram em discussões relacionadas ao caso — como a incorporação plena da Venezuela. A ausência do Paraguai permitirá também a presença, pela primeira vez, de convidados do governo chinês, que têm interesse em aprofundar o vínculo comercial com a região. Até agora, uma aproximação com a China era impedida pela relação entre o Paraguai e Taiwan.
— Nosso Parlamento já se pronunciou e o Brasil, individualmente, apoia o ingresso (da Venezuela) no Mercosul. Quando isso se daria, surge um fato novo, que é a projetada suspensão do Paraguai. É preciso que ela ocorra primeiro, para depois se tomar qualquer atitude em relação ao conjunto de iniciativas do Mercosul — disse o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.
Também nesta quarta-feira, o chanceler Antonio Patriota se reuniu com representantes de movimentos sociais, do Parlamento e da sociedade civil, que levaram uma moção de repúdio ao impeachment de Fernando Lugo.
Em Assunção, Lugo espera uma declaração final da cúpula com contundente questionamento à destituição e à legalidade do governo Franco. Mas, ao mesmo tempo, disse ser contrário às sanções, porque elas prejudicariam o povo paraguaio.