Por Silvia Salek,
Da BBC Brasil em Londres

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a crise representou uma oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo suas "virtudes". Em entrevista � BBC Brasil, em Londres, Mantega afirmou ainda que os �ltimos dados mostram que a acelera��o da economia brasileira � at� mais forte do que se imaginava.

Com o discurso de que a crise j� ficou para tr�s no Brasil, Mantega se arriscou a olhar para frente e a prever que, na pr�xima d�cada, o Brasil j� vai ser um pa�s avan�ado, "a quinta ou a sexta economia do mundo" e com potencial de crescer de 5% a 6% "por muito tempo".

Mantega disse n�o acreditar em reca�da da economia global e salientou que nada, nem as elei��es, podem frear o que ele chamou de transforma��o do Brasil.

"O destino do Brasil j� est� tra�ado, mesmo que haja mudan�a na administra��o, que n�o seja um candidato petista que ganhe a elei��o. As principais diretrizes s�o conquistas do povo brasileiro. Se mudar, vai apanhar. Se algu�m assumir e come�ar a mudar isso, n�o vai se aguentar no Governo", disse Mantega.

BBC Brasil - Neste per�odo de crise, alguns indicadores importantes no Brasil pioraram bastante, mas quando se compara a situa��o do Brasil � de outros pa�ses, como os pa�ses do G20, a situa��o n�o � t�o ruim assim. O senhor acha que essa crise teve um aspecto positivo para o Brasil ao acelerar um processo de proje��o internacional do pa�s?

Mantega - Durante este ano de crise, o Brasil demonstrou que estava mais preparado do que muitos pa�ses para enfrentar uma crise. N�s demoramos mais tempo para ter resultados negativos de produto. O PIB brasileiro s� foi negativo dois trimestres, enquanto outros pa�ses tiveram PIB negativo por tr�s, quatro, cinco trimestres. E n�s j� estamos num processo de franca recupera��o.

BBC Brasil - Ent�o, a crise, de certa forma, foi positiva para o Brasil por ter revelado essa maior capacidade de recupera��o?

Mantega - Eu acho que a crise foi muito importante para salientar essas vantagens que o Brasil possui em rela��o a outros pa�ses. Ficou demonstrado que o Brasil tinha uma situa��o fiscal s�lida, que n�s j� control�vamos a infla��o, que nossas contas p�blicas est�o melhorando, que a d�vida externa est� diminuindo, que o Brasil tinha acumulado reservas, mas, al�m de tudo, que o Brasil tem uma capacidade produtiva grande, ou seja, que o Brasil � capaz de crescer. Isso � um grande divisor de �guas. O Brasil tem um mercado interno, que outros pa�ses n�o t�m, e este mercado interno est� crescendo estimulado pelas pol�ticas governamentais dos �ltimos 4, 5 anos.

BBC Brasil - Mas uma cr�tica que se faz � que o Brasil acabou demorando um pouco para agir, enquanto o presidente Lula ainda falava que a crise era uma marola. Medidas come�aram a ser tomadas s� a partir de novembro. O Governo n�o deveria ter agido mais r�pido?

Mantega - O Brasil foi um dos pa�ses que mais rapidamente p�s em pr�tica as medidas contrac�clicas. � por isso que estamos saindo mais rapidamente da crise, enquanto outros pa�ses demoraram mais para tomar medidas fiscais. Nosso programa de est�mulo a autom�veis come�ou em dezembro. Nos Estados Unidos, s� come�aram em junho deste ano, seis meses depois. Em mar�o, abril, nossa ind�stria automobil�stica j� tinha melhorado. Em seguida, fizemos medidas para o setor de linha branca, utilidades dom�sticas, material de constru��o. Uma diferen�a do Brasil para outros pa�ses � que fomos muito r�pidos e ousados nas medidas que tomamos para atenuar a crise e j� t�nhamos nos antecipado com outras medidas.

BBC Brasil - Um aspecto que, de certa maneira, protegeu o Brasil foi o fato de que os bancos n�o estavam contaminados com ativos t�xicos, e o caso dos bancos brasileiros � interessante. Um tempo atr�s, o sistema financeiro era criticados por rigidez, conservadorismo. Agora, falam da solidez do setor financeiro. A rigidez protegeu o Brasil?

Mantega - O sistema financeiro brasileiro � hoje um dos mais s�lidos do mundo. O que se dizia era que ele era conservador. O que quer dizer isso? Que tinha uma alavancagem baixa, ou seja, ele empresta um volume menor em rela��o a seus ativos do que outros pa�ses que alavancavam muito. Nos Estados Unidos, chegaram a alavancar mais de 30 vezes o capital. A alavancagem m�dia no Brasil � de 6,5 vezes o capital, ou seja, abaixo do n�vel de Basileia.

O que foi conservadorismo numa �poca foi favor�vel num momento de crise. Conservadorismo � um excesso de prud�ncia. Mas n�o foi s� isso. A regula��o do Brasil � mais avan�ada do que em v�rios pa�ses. E, terceiro, a exist�ncia de bancos estatais. Num momento de crise, s�o totalmente seguros. Ningu�m duvida dos bancos estatais. N�o sofrem saques, sofrem dep�sitos e podem ir para a ofensiva como aconteceu com os bancos p�blicos brasileiros. Nos �ltimos 9 meses, 10 meses, eles aumentaram o volume de cr�dito quase 30% em rela��o a setembro. Os privados aumentaram um pouquinho, est�o come�ando a se soltar agora.

Mas o fato de termos bancos p�blicos, junto com sistema privado s�lido, ajudou a economia brasileira a se diferenciar. Sistema financeiro s�lido, mercado interno robusto, atua��o do Estado estimulando a economia, fundamentos s�lidos, contas p�blicas bem equilibradas. O Brasil ter� um resultado, neste ano, melhor do que o G20. Mesmo com a crise essa trajet�ria vai continuar. A maioria dos pa�ses vai sair da crise machucada, com uma d�vida maior, d�ficit elevado. Os Estados Unidos v�o ter um d�ficit de 10%, j� o Brasil vai ter pouco mais que 2%. Teremos um d�ficit menor do que a China, a �ndia. � por isso que o Brasil est� se salientando, por todas essas virtudes que est� demonstrando.

BBC Brasil - Mas houve uma piora nas contas. E para voltar a alcan�ar as metas, o Brasil vai ter que crescer 4,5% no ano que vem, vai ter que atingir n�veis recordes de arrecada��o. N�o � raro encontrar an�lises mais cautelosas sobre a recupera��o da economia global. Ser� que o Governo brasileiro n�o est� sendo otimista demais?

Mantega - As contas p�blicas em 2009 pioraram no mundo inteiro. S� que no Brasil pioraram menos do que pioraram no mundo. Mesmo em rela��o � �ndia, � China, que s�o pa�ses considerados os mais promissores, as contas brasileiras est�o melhores. N�o estou nem comparando com os Estados Unidos, com a Gr�-Bretanha porque est�o infinitamente piores.

BBC Brasil - Mas em rela��o �s pr�prias metas do Brasil?

Mantega - Em 2009, tivemos que reduzir a meta do prim�rio em 1%. Foi s� neste ano que reduzimos um pouco, enquanto outros pa�ses est�o aumentando violentamente (o d�ficit). A China fez um programa contrac�clico com 13% do PIB. Brasil vai gastar menos de 1% do PIB. Fizemos uma a��o de qualidade, gastando pouco com resultado muito satisfat�rio que nem a China obteve. Est� gastando 13% do PIB para manter um crescimento de 8%.

Para o pr�ximo ano, n�o h� nenhum analista que n�o diga que o Brasil n�o vai crescer. E os analistas est�o at� me superando. Dizem que eu sou otimista. N�o sou otimista, sou realista. De agosto a setembro, o Brasil j� est� crescendo a um ritmo de 4,5%, 5%. Teremos o resultado do segundo trimestre de 2009 (o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) ser� divulgado nesta sexta-feira, 11 de setembro). Voc� vai ver que j� estamos crescendo de 6% a 8%, anualizado. Ent�o, eu tenho certeza de que, com um crescimento de 4,5%, a arrecada��o federal vai voltar a crescer como vinha crescendo no passado.

BBC Brasil - Mas o Governo considera a hip�tese de que possa haver uma reca�da na economia global? At� mesmo por conta desses gastos excessivos em outros pa�ses, o senhor n�o admite a hip�tese de uma reca�da e o impacto que isso possa vir a ter no crescimento do Brasil e no cumprimento das metas fiscais?

Mantega - O crescimento do Brasil hoje est� baseado no mercado interno principalmente e n�o no mercado externo. O Brasil tem uma economia pouco aberta, as nossas exporta��es representam apenas 13% do PIB. Para voc� ter uma ideia, as da China representam 40% do PIB dela, as da Alemanha representam 40%. Ent�o, n�s dependemos menos do mercado externo e mais do interno. Eu n�o acredito que haja uma reca�da. Acho que o Roubini (Nouriel Roubini, economista que ganhou proje��o por prever a atual crise) est� dizendo isso, a chamada curva em W. Eu n�o acredito no W. Eu acredito que a economia mundial ter� um lenta recupera��o. Ser� demorada, poder� demorar 2 ou 3 anos, mas a economia mundial j� est� rodando no positivo. Mesmo as mais afetadas est�o saindo de taxas negativas. H� sinais em todas as partes do mundo de que j� est� havendo uma recupera��o, lenta dif�cil e gradual.

BBC Brasil - Ent�o, o senhor acredita que o mercado consumidor interno blindaria o Brasil de uma reca�da?

Mantega - Essa � a diferen�a do Brasil, China, �ndia. Se fizessem uma reconvers�o. A China est� fazendo isso. A �ndia tem um mercado interno fabuloso. O Brasil tamb�m tem um mercado interno bastante razo�vel. Temos uma classe m�dia de quase 100 milh�es de habitantes. Os dados de varejo mostram que o consumo continuou crescendo no pa�s, o consumo de autom�veis, eletroeletr�nicos, compra de casas. O mercado habitacional est� em plena expans�o e ainda n�o est� sentindo o efeito do programa habitacional que vai come�ar a fazer efeito no �ltimo trimestre do ano.

Os �ltimos dados s�o de que a acelera��o � at� mais forte do que a gente imaginava na economia brasileira, a ponto do BC n�o ter baixado a taxa de juros. N�o baixou � porque est� percebendo a recupera��o do pa�s. E alguns economistas mais conservadores j� est�o preocupados com o crescimento. Eu n�o estou preocupado. N�o sei por que est�o preocupados. A infla��o est� baixa, sob controle. O Brasil tem capacidade ociosa para poder crescer, fez muitos investimentos e d� para ter crescimento folgado sem infla��o e mantendo todos os equil�brios macroecon�micos.

BBC Brasil - Essa crise ressuscitou o papel do Estado nas economias, pelo menos em tempos de crise, e, para alguns, representa uma vit�ria do estado sobre o liberalismo. Como o senhor acha que isso influencia e vai influenciar, na pr�tica, o papel do Estado no Brasil?

Mantega - Nos �ltimos 30 anos, houve uma exacerba��o do livre cambismo, ou seja, todo mundo achava que o livre mercado poderia resolver os problemas econ�micos. Liberou o mercado financeiro, o Estado foi se retirando e n�s vimos no que deu. O setor financeiro, se n�o for regulamentado, vai fazer as besteiras que fez. No Brasil, o Estado tem o papel de estimular o crescimento, mas isso n�o significa a volta do estatismo, isso n�o tem nada a ver com o que deve acontecer no in�cio da industrializa��o. Hoje, o Brasil � um pa�s industrializado, ent�o, o Estado tem de ter uma fun��o de indutor de alguns setores. N�o � o velho estatismo, mas � uma maior participa��o do estado do que os liberais pregam.

BBC Brasil - Alguns observadores estrangeiros viram o recente an�ncio do novo marco regulat�rio do pr�-sal com ceticismo. O New York Times publicou uma reportagem em que classifica o novo marco de "virada nacionalista". A revista Economist tamb�m viu com certa desconfian�a a medida e disse que as empresas estrangeiras ficar�o subservientes � estatal. Como o senhor v� esse tipo de avalia��o? Est� havendo uma virada nacionalista no Brasil?

Mantega - Acho que essa vis�o � equivocada. Se tem um pa�s que foi avan�ando, abrindo mercado. Hoje, as empresas brasileiras que exportam podem deixar capitais fora do pa�s. H� plena liberdade de entrada e sa�da de capitais estrangeiros. O capital estrangeiro no Brasil tem o mesmo status que o capital nacional, n�o h� restri��o. As normas do Brasil s�o claras e s�o cumpridas. Agora, no campo do petr�leo, que � um campo estrat�gico, a coisa � diferente.

Por qu�? Encontramos reservas que s�o da Uni�o. Est� escrito, n�o mudamos a Constitui��o. S�o reservas comprovadas, existem, n�o h� risco, e queremos que a Petrobras extraia essas reservas em prol do Governo e da popula��o brasileira como fizeram outros pa�ses. Por exemplo a Noruega. N�o � um pa�s estatista ou coisa que o valha. � um pa�s s�rio, desenvolvido, avan�ado. No entanto, quando a Noruega descobriu reservas importantes de petr�leo, criou uma empresa estatal que extrai petr�leo em vantagem do Governo.

N�o vamos misturar as coisas. O Brasil n�o � um pa�s que muda, que caminhou para um nacionalismo xen�fobo. Defender os interesses nacionais, todos os pa�ses defendem. Nunca vi mais bandeiras nacionais do que nos Estados Unidos. Ent�o, vamos dizer que nacionalismo � praticado por todos os pa�ses. Mas damos tanta liberdade quando os EUA d�o para o capital estrangeiro. Portanto, n�o podemos ser considerados um pa�s que faz qualquer discrimina��o contra o capital estrangeiro e continuaremos nessa trajet�ria.

BBC Brasil - O senhor disse recentemente que o Brasil est� prestes a entrar num novo ciclo de crescimento. Se a gente olha para tr�s, tivemos o per�odo do milagre, tivemos duas d�cadas perdidas, tivemos o per�odo de estabiliza��o, retomada do crescimento e, ent�o, veio essa crise. O senhor se arriscaria a prever como ser� essa d�cada que come�a em dois anos?

Mantega - O Brasil � um pa�s que vem se aprimorando ao longo do tempo. Tivemos v�rios ciclos econ�micos. O ciclo que tivemos de 2003 a 2008 foi um dos melhores. Por qu�? Crescemos sem criar desequil�brio, infla��o, d�ficit p�blico. Encurtamos o per�odo de crise e j� estamos preparados para, a partir de 2010, come�ar um novo ciclo de expans�o, gra�as a essa solidez, que vai continuar com taxas de 5%, 6% nos pr�ximos cinco, seis, sete anos tranquilamente. O Brasil vai seguir aquela trajet�ria que o Jim O\\\'Neill previu dos Brics.

Nos pr�ximos 20, 30 anos, o Brasil, certamente, ser� um dos pa�ses mais importantes do mundo, uma das economias com maior PIB do mundo. Por qu�? N�s podemos crescer 5, 6% durante muito tempo. O pr�-sal s� vem confirmar essa tend�ncia. J� temos reservas, agricultura produtiva, ind�stria bem implantada, servi�os se expandindo, mercado de capitais sofisticado, ent�o, o Brasil tem condi��es de ser um dos l�deres nos pr�ximos anos. J� � reconhecido como tal, como pot�ncia emergente.

BBC Brasil - Ser�, ent�o, que essa consolida��o como pot�ncia vai marcar os pr�ximos anos?

Mantega - Ser� uma d�cada de consolida��o do crescimento. J� � uma das 10 maiores economias, ser� uma das cinco ou seis. Ser� uma das que mais v�o crescer. Mas ainda temos v�rios problemas. A educa��o � ainda muito desigual, temos que aumentar o n�vel de educa��o, melhorar as condi��es de vida em v�rias regi�es do pa�s. H� muita coisa por fazer. A pobreza diminuiu muito nos �ltimos seis anos. Nos pr�ximos seis, sete anos, vai diminuir ainda mais. Eu diria que, daqui a uma d�cada, Brasil j� vai parecer um pa�s avan�ado.

BBC Brasil - O senhor n�o acha que os pa�ses que formam o Bric (Brasil, R�ssia, �ndia e China) deveriam ser mais agressivos para consolidar o G20 como principal f�rum de decis�es global?

Mantega - N�o precisa ser muito agressivo porque esse fortalecimento do G20 est� vindo espontaneamente. J� tivemos tr�s reuni�es neste ano, entre ministros da Fazenda e l�deres. Vamos ter em Pittsburgh uma nova reuni�o. Tem novembro na Esc�cia, nunca vi tanta reuni�o do G20. Portanto, hoje, o G20 j� � o f�rum mais importante da economia mundial porque representa melhor os pa�ses mais importantes do globo. N�s sabemos que, mesmo antes dessa crise, os Brics e emergentes j� estavam � frente do crescimento. Ou seja, o crescimento mundial estava sendo puxado pelos emergentes. Depois dessa crise, isso ser� ainda mais verdadeiro. Ser�o os emergentes que v�o determinar o ritmo de crescimento da mundial. . � inevit�vel que teremos peso maior. E o G20 � o �rg�o mais adequado para coordenar a��es internacionais.

BBC Brasil - Mas entre ser o mais adequado e, de fato, se consolidar, existe um vis�o mais resistente. O senhor v� um risco de que a recupera��o da economia, sem mudan�as concretas, fa�a com que os pa�ses ricos voltem a olhar para seus pr�prios umbigos e a retomada tire o impulso de reformas no FMI e da consolida��o do G20?

Mantega - A retomada vai se dar em ritmos diferentes e vai demonstrar que os pa�ses avan�ados s�o os mais debilitados e, portanto, eles precisam dos emergentes puxando o crescimento. Quem vai puxar o crescimento somos n�s. Pode haver um ou outro pa�s europeu que fique melindrado, aborrecido. mas os pa�ses da �sia querem o G20, os Estados Unidos, desde o primeiro momento, encampou o G20, Obama j� disse que � a mais importante das institui��es. Se tem um ou outro pa�s europeu que possa ficar preocupado, isso n�o vai impedir que o G20 se consolide como a institui��o mais importante da economia mundial.

BBC Brasil - Para encerrar, que marca o senhor acha que o Governo do qual o senhor faz parte vai deixar. Vai ser um Governo que se beneficiou de uma situa��o externa extremamente favor�vel? Vai ser um Governo que mudou o papel do estado na economia? Que marca ficar�?

Mantega - O Brasil mudou muito. Em cinco anos, o Brasil mudou mais do que em 30, 40 anos. Foi uma mudan�a acelerada do pa�s com melhorias em todas as frentes. Ser� um Governo inesquec�vel. Tirou o Brasil da condi��o de patinho feio. A crise da Argentina quase derrubou o Brasil em 2001. N�o t�nhamos reservas, t�nhamos que ir de pires na m�o pedir dinheiro. Ent�o, o Brasil saiu de coadjuvante para protagonista, um pa�s din�mico, respeit�vel. Alguns diziam que era sorte, que estava tendo expans�o da economia internacional. � verdade, soubemos aproveitar a economia internacional. Tivemos a sorte de ter um presidente capaz de aproveitar per�odos de prosperidade e que sabe atuar em per�odo de adversidade. E � na adversidade que voc� v� a capacidade. Hoje, n�o d� mais para falar que � sorte, foi por acaso, � obra do esp�rito santo. A crise demonstrou isso. Fora da crise, pode-se dizer que � sorte, mas, durante a crise, n�o pode dizer que � sorte.

O Brasil vai ser outro pa�s muito rapidamente, vai acabar com a pobreza, com o analfabetismo, j� h� multinacionais brasileiras atuando no exterior, ser� um dos principais mercados de atra��o de investimentos. Com isso, a transforma��o do Brasil j� est� assegurada.

BBC Brasil - E o que pode frear esse processo?

Mantega - Se uma crise dessa magnitude n�o freou esse processo, eu acho dif�cil que tenha alguma coisa que possa frear. Mesmo com as elei��es, o curso das pol�ticas j� est� dado. Acho temer�rio que algum novo governante venha a mudar uma s�rie de diretrizes que est�o dando certo. Eu duvido que desative o Bolsa Fam�lia, os programas sociais. A popula��o n�o vai deixar. Duvido que diminua investimentos p�blicos, que bancos p�blicos diminuam a atua��o, que a Petrobras deixe de ser a principal agente do pr�-sal. O destino do Brasil j� est� tra�ado, mesmo que haja mudan�a na administra��o, que n�o seja um candidato petista que ganhe a elei��o, mas de outro partido. As principais diretrizes s�o conquistas do povo brasileiro. Se mudar, vai apanhar. Se algu�m assumir e come�ar a mudar isso, n�o vai se aguentar no Governo.