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22/10/2009
Antônio Augusto de Queiroz*: eleição presidencial: o roteiro está traçado

Se oposição fizer opção por chapa pura (Serra e Aécio ou Aécio e Serra), e contar com apoio do DEM e do PPS, além de parcela expressiva do PMDB, poderá surgir o grande fato novo da campanha: Lula renunciar e concorrer à vice de Dilma

O Governo quer uma eleição plebiscitária - fará comparação entre os mandatos presidenciais de Lula e FHC - e a oposição deseja um pleito voltado para debater o futuro, o pós-Lula. 2010 começou mais cedo e promete muita emoção.

Na linha plebiscitária serão atribuídas ao presidente Lula algumas conquistas - como a superação da crise, a descoberta e o marco regulatório do pré-sal, a consolidação dos programas sociais, a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e as Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro - que serão reforçadas pela exibição, em grande escala, do filme "Lula, o filho do Brasil".

Os fiadores do Governo Lula, que poderão dar caráter plebiscitário ao pleito e favorecer a candidata oficial, são: 1) o próprio Lula, cuja popularidade supera os 70%; 2) a capilaridade dos programas sociais, ilustrados pelo Bolsa Família, que já beneficia 49 milhões de pessoas, distribuídas em 12,4 milhões de famílias; 3) a economia, que estará gerando emprego no ano da eleição; e 4) o apoio oficial do PMDB, além de outros partidos de médio porte.

Já a estratégia da oposição passará por insistir no fato de que o candidato não é Lula nem o governante será ele, e enfatizará que a candidata é Dilma e que o Governo será dela. E sobre ela, em caráter acusatório, dirão que pouco se sabe, exceto sua condição de ex-guerrilheira, de fazedora de dossiê contra adversários e de pessoa arrogante e autoritária.

Além disto, ainda em relação a Dilma, irão questionar sua história, seus projetos, sua capacidade de exercer as funções de Chefe de Governo, Chefe de Estado e Líder da Nação e, no que diz respeito ao Governo, conforme já antecipou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmarão que desde 2009 não existe Governo, mas a campanha de Dilma; não há obras a inaugurar, mas festa; nem discurso governamental ou administrativo, mas eleitoral.

As pré-candidaturas de Ciro Gomes, pelo PSB, e de Marina Silva, pelo PV, se prevalecer esse padrão de disputa, dificilmente terão fôlego para evitar a polarização entre PT e PSDB ou entre a candidata do Governo e o candidato da oposição.

É verdade que a população não está plenamente satisfeita com o PT (embora goste muito do presidente Lula), nem tenha saudades do PSDB, o que teoricamente abriria espaço para uma terceira via, mas dificilmente Ciro e Marina, caso confirmem as candidaturas, teriam mais votos que um dos candidatos da oposição ou da situação.

Três coisas são determinantes numa eleição: 1) o tempo de televisão, 2) palanques fortes nos estados e 3) dinheiro para campanha. E os candidatos do PT e do PSDB terão em abundância, enquanto Ciro e Marina são frágeis nesses quesitos.

Assim, de modo mais abrangente, o resultado da eleição presidencial de 2010 dependerá:

1) para o Governo, do desempenho da economia, dos programas sociais, das obras do PAC, da unidade da base de apoio, do caráter plebiscitário ou não da eleição, da capacidade de o presidente transferir votos, e também do desempenho pessoal da candidata.

2) para a oposição, do estrago da crise, da desunião da base aliada do Governo, de quem será o cabeça de chapa, do caráter não plebiscitário do pleito, da avaliação do desempenho dos governos dos estados de São Paulo e Minas Gerais, do apoio do DEM e do PPS e, principalmente, da aliança entre Serra e Aécio, além da capacidade de atrair apoio de parcela do PMDB.

A oposição não definiu ainda seu candidato. Os nomes são os dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves. Se o critério for o desempenho nas pesquisas eleitorais, Serra será o candidato. Se o critério for a capacidade de fazer alianças e penetrar em estados dominados por Lula, como os do Nordeste, será Aécio.

Entretanto, se a oposição fizer a opção por uma chapa pura (Serra e Aécio ou Aécio e Serra), e contar com o apoio do DEM e do PPS, além de parcela expressiva do PMDB, poderá surgir o grande fato novo da campanha: Lula renunciar e concorrer à vice de Dilma.

Isto, naturalmente, se a legislação permitir.

(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap







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