A palavra mensal�o entrou para o vocabul�rio pol�tico em 2005 pela voz da oposi��o de direita que promoveu acusa��es contra o governo tentando deslegitimar o mandato do presidente Lula, for��-lo a renunciar � reelei��o em 2006 e, quando ficou claro que ele se candidataria a um novo mandato, fazer o presidente "sangrar" at� a elei��o, tentando impor a vit�ria de um candidato do esquema PSDB/DEM. N�o deu certo.

Naquela ocasi�o j� haviam aparecido acusa��es mais consistentes de desvio de dinheiro p�blico justamente contra o tucanato, para financiar, em 1998 - portanto em pleno dom�nio neoliberal, com Fernando Henrique Cardoso no comando do governo federal - a reelei��o do ent�o governador mineiro e ex-presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo, que hoje � senador.

O registro pela imprensa daqueles ind�cios ficou longe do enorme esc�ndalo feito em torno de acusa��es muito menos consistentes a membros da base aliada do governo. Afinal, a m�dia tem lado e partido - ali�s, funciona como um -, sendo a ala mais estridente da emplumada fauna da direita brasileira.

O voto dado ontem (dia 4) pelo ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela abertura de uma a��o penal contra Azeredo e seus c�mplices pela articula��o naquele esquema ilegal recoloca em pauta uma quest�o jur�dica e penal, e principalmente pol�tica.

O ministro Barbosa viu no processo ind�cios "robustos" de crime de peculato (desvio de recursos p�blicos) e tamb�m de lavagem de dinheiro, outra acusa��o que, tudo indica, ser� acatada por ele no relat�rio que vai propor ao plen�rio do STF a abertura do processo criminal contra o senador e os envolvidos naquela quadrilha, a maioria dos quais eram altos funcion�rios de empresas do governo mineiro durante o mandato de Azeredo. A investiga��o feita pelo Minist�rio P�blico Federal apurou que foram desviados - atrav�s do chamado valerioduto mineiro, apelido derivado do nome de seu operador, o empres�rio Marcos Val�rio - pelo menos 3,5 milh�es de reais para garantir a reelei��o de Azeredo.

Segundo Joaquim Barbosa foram crimes planejados e coordenados por Azeredo, que figura no processo como uma esp�cie de poderoso chef�o de uma gang organizada para assaltar os cofres p�blicos. Ele "tinha conhecimento do desvio", disse o ministro.

A quest�o jur�dica e penal envolvida ser� decidida pelo STF. J� a quest�o pol�tica... onde est� o esc�ndalo dos campe�es da honestidade da m�dia? O jornal O Estado de S. Paulo praticamente escondeu a not�cia, publicando-a na p�gina 9 de seu primeiro caderno. A Folha de S. Paulo deu uma chamada subalterna e amena na capa ("Relator do STF aponta crime de Azeredo em valerioduto") e trouxe uma reportagem com apenas 630 palavras, pequena para os padr�es do esc�ndalo midi�tico. O Globo deu, na capa, uma manchete sobre economia e, em sua p�gina eletr�nica preferiu atacar o deputado Jos� Genoino (PT-SP), com a manchete "R�u do mensal�o, Genoino defende \\\\\\\\\\\\\\\'ficha-suja\\\\\\\\\\\\\\\'", s� se referindo � decis�o do ministro Joaquim Barbosa numa mat�ria secund�ria com um t�tulo "frio": "Para relator do mensal�o no STF, Eduardo Azeredo cometeu peculato".

O chamado "mensal�o" trouxe preju�zos para o governo mas n�o rendeu os dividendos pol�ticos que a direita esperava. As den�ncias foram apuradas e tiveram conseq��ncias judiciais, mas a lenda de pagamentos mensais para comprar apoios ao governo jamais foi comprovada. J� o desvio de montanhas de dinheiro p�blico para financiar campanhas eleitorais tucanas est� sendo comprovado e demonstrado na mais suprema corte de justi�a do pa�s. As m�scaras da direita caem e o julgamento pol�tico de sua conduta � o que vai sair das urnas em 2010. Com Portal Vermelho

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