Mais de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade participaram da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora em Brasília, que teve como principal bandeira a defesa da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução salarial.
Esta foi a maior marcha realizada pelas centrais sindicais que mobilizaram suas bases para levar milhares de trabalhadores e trabalhadoras em Brasília para defender a votação na Câmara dos Deputados da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 231/95, dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
A marcha teve início com a concentração das caravanas de trabalhadores de todos os Estados no estádio Mané Garrincha, e a caminhada seguiu pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes, onde ocorreu o ato político.
Wagner Gomes, presidente da CTB, saudou a unidade do movimento sindical para organizar esta tradicional mobilização que já é marco da luta em defesa dos interesses dos trabalhadores. Wagner fez um breve histórico da luta dos trabalhadores em defesa da redução da jornada de trabalho e afirmou que classe patronal sempre será contra a redução da jornada, mas os trabalhadores não podem abrir mão dessa reivindicação que, além de melhorar a qualidade de vida, permitindo que o trabalhador tenha mais tempo para a família, lazer e relacionamento social, vai gerar mais de 2 milhões de novas vagas no mercado de trabalho. "Em 1988, quando lutávamos para reduzir a jornada de trabalho de 48 para 40 horas semanais, os empresários diziam que o Brasil não suportaria e as empresas iriam quebrar. A jornada foi reduzida para 44 horas e o Brasil não quebrou", disse o presidente da CTB.
Nova Conclat
Wagner Gomes disse que a unidade de ação das centrais é fundamental para fortalecer as mobilizações. "Esta unidade das centrais sindicais tem avançado e a CTB reforça a necessidade de realizarmos uma nova Conclat (Conferência da Classe Trabalhadora), que será o grande encontro das centrais sindicais para debaterem um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda. Precisamos aprovar uma pauta unitária de lutas que consolide a unidade das centrais", concluiu Wagner Gomes.
Em entrevista para o Portal CTB, o senador Inácio Arruda (PCdoB) defendeu a redução da jornada de trabalho. “A redução da jornada permitirá que os trabalhadores brasileiros se apropriem do ganho da produtividade que o país alcançou com a introdução das novas tecnologias no setor produtivo. Com a automação, mecanização e informática aumentou a produção e diminuiu os postos de trabalho. Só a redução da jornada de trabalho vai permitir com que mais pessoas trabalhem", afirmou.
O deputado federal Vicentinho (PT) também defendeu a redução da jornada de trabalho. "Os patrões estão tendo um lucro exorbitante com o aumento da produtividade. Chegou a hora deles distribuírem um pouco dessa riqueza, reduzindo a jornada de trabalho, que além de gerar mais de 2 mil empregos, segundo o Dieese, vai reduzir o número de acidentes de trabalho",
Contag
Alberto Broch, presidente da Contag (Confederação nacional dos Trabalhadores na Agricultura) destacou a importância da marcha para os trabalhadores do campo. "Na verdade eu gostaria de destacar importância dessa marcha para unidade da classe e principalmente a forma como foi organizada. A representatividade de todas as entidades, a Contag com forte participação dos trabalhadores rurais, que teve com bandeira central a redução da jornada, mas não deixou de lado a luta pela alteração dos índices de produtividade, pela reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais", reforçou o presidente da confederação.
Na Câmara e no Senado
Após o pronunciamento de todos os presidentes das centrais sindicais o ato político foi encerrado e os presidentes das centrais foram se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer.
"Quero parabenizar as centrais por terem realizado esta grande marcha para pressionar o legislativo a votar a pauta de interesse dos trabalhadores. A redução da jornada de trabalho está em discussão há mais de 14 anos e ainda é um tema polêmico. Vamos criar um grupo de trabalho com a participação dos patrões e dos trabalhadores para debater o tema", disse o deputado.
O presidente do Senado, José Sarney, recebeu a pauta de reivindicações e reafirmou o seu apoio para agilizar a votação da redução da jornada no Senado.
Além da redução da jornada de trabalho, a pauta de reivindicações das centrais sindicais e dos movimentos sociais defende a aprovação do PL 01/07 que efetivar a valorização do salário mínimo; o novo marco regulatório para o pré-sal; atualização dos índices de produtividade da terra; aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo; ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT; aprovação do PL que regulamenta a terceirização e combate a precarização nas relações de trabalho.
Fonte: Portal CTB