02/02/2010
Luta pela redução da jornada leva 1.500 sindicalistas a Brasília Na agenda das centrais, que começou com uma “recepção” aos parlamentares no aeroporto de Brasília, nesta terça-feira (2), consta também corpo-a-corpo na Câmara, que continua 4ª Aproveitando o início das atividades no Congresso Nacional e para mostrar aos parlamentares e ao Governo Federal que a classe trabalhadora não está "dormindo no ponto", as seis centrais sindicais - CTB, CUT, Força Sindical, UGT, NCST e CGTB - realizaram, na manhã desta terça-feira (2), em Brasília uma manifestação unificada pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários. A mobilização foi decidida durante a última reunião do Fórum das Centrais Sindicais (composto pelas seis centrais), ocorrida no ultimo dia 21 de janeiro e foi grande a adesão de sindicalistas de todo o Brasil. Cerca de 1.500 trabalhadores e lideranças sindicais começaram logo na manhã desta terça-feira o contato com parlamentares para a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC), dos senadores Paulo Paim (PT/RS) e Inácio Arruda (PCdoB/CE), que reduz a jornada máxima de trabalho para 40 horas semanais e aumenta dos atuais 50% para 75% a remuneração da hora-extra. Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a intenção é fazer uma vigília, "e até dormir no Congresso se preciso", para conseguir que a PEC entre na agenda de votação ainda neste semestre. "Tudo isso que estamos fazendo hoje é muito importante para manter a militância aguerrida e mostrar para o Congresso que nós não vamos desistir das nossas bandeiras só porque é ano eleitoral. Ao contrário", disse o secretário geral da CUT, Quintino Severo. Antes da ida ao Congresso, os sindicalistas fizeram também uma "recepção" aos parlamentares no aeroporto de Brasília. A atividade foi marcada pelo bom humor e pelo alto astral. Das 8 às 10 horas, deputados e senadores que desembarcavam eram recebidos por dezenas de dirigentes sindicais, aos brados de "Reduz pra 40 que o Brasil aumenta e o empresariado aguenta" e outras palavras de ordem como "Primeiro o pré-sal, o Carnaval e depois as 40 horas". Aumento da produtividade De acordo com Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), "reduções de jornada vêm acompanhadas de aumento de produtividade". Além disso, a redução de 4 horas da jornada semanal pode gerar 2 milhões de empregos, estima o economista. Ele aponta o atual cenário de crescimento econômico como ideal para que a proposta seja absorvida economicamente. Além disso, "as empresas passaram nos últimos anos por processos de reestruturação produtiva e estão ajustadas". O diretor técnico do departamento sindical avalia que a redução da jornada é justa porque "tem efeito distributivo dos ganhos de produtividade de 1988, quando a jornada de trabalho semanal caiu de 48 horas para 44 horas". Ao efeito redistributivo, Ganz Lúcio acrescenta que desde quando houve a redução da jornada, os trabalhadores passaram a gastar mais tempo para se deslocar até o trabalho e que a atual necessidade de reciclagem permanente para o trabalho exige que os assalariados tenham maior disponibilidade de tempo para fazer novos cursos de formação e atualização. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a jornada de trabalho semanal no Brasil poderia ser de 37 horas. A eventual redução da jornada alcançará, no entanto, apenas a metade da mão-de-obra empregada, que tem carteira assinada e vínculo formal. Reunião com o PCdoB Segundo Gilda Almeida, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), "os trabalhadores têm claro o compromisso do PCdoB na defesa da redução da jornada, mas é importante que o partido se junte ao esforço coletivo das centrais e dos líderes da base para que o projeto entre na pauta". Artur Henrique, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), destacou que a influência do PCdoB no Congresso torna o partido um aliado especial dos trabalhadores. Canindé Pegado, da União Geral dos Trabalhadores (UGT) lembrou que os comunistas foram fundamentais na conquista das 44 horas na Constituinte de 88. Já o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), Paulinho da Força destacou que as centrais e os partidos comprometidos com a defesa dos trabalhadores devem realizar uma série de ações conjuntas para garantir a aprovação da redução ainda neste semestre. (Fonte: Vermelho, com sites das centrais)
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