Marcos Verlaine: Na segunda semana de retomada de trabalhos do Congresso, o movimento sindical compareceu ao Parlamento para reivindicar a vota��o da proposta que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.

A pauta foi definida e a proposta n�o entrou na agenda de vota��es do plen�rio da C�mara.

O presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB/SP), atuando como um magistrado, chamou empres�rios e trabalhadores para apresentar o que batizou de proposta mediada - reduzir a jornada para 42 horas - 1 hora, em 2011, e outra, em 2012.

Os empres�rios n�o gostaram da proposta, s�o contra, n�o querem redu��o de jeito nenhum. Os trabalhadores ficaram desconfiados.

Os donos do capital at� topam reduzir a jornada, mas querem "compensa��es fiscais", leia-se, redu��o de impostos, e, tamb�m, que n�o se inclua na proposta o aumento da hora extra normal para 75%.

H� um impasse objetivo que precisa ser enfrentado. N�o se trata apenas de ser uma mat�ria complexa - como se diz no jarg�o parlamentar.

O impasse reside no fato de os deputados estarem no dilema de ter de enfrentar "os que votam e os que financiam a campanha eleitoral", como disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), presidente da For�a Sindical, na segunda comiss�o geral que debateu o tema em 2009, na C�mara.

� isto, concretamente, que est� "pegando".

Na C�mara, os que s�o contra a proposta se escudam na aparente apatia popular para n�o terem que se expor diante do eleitorado neste momento. Esperam n�o terem que ser julgados diante de tamanha simpatia que a proposta de reduzir a jornada causa na sociedade.

Pergunte a qualquer trabalhador sua opini�o sobre a redu��o da jornada, sem redu��o de sal�rio e o impacto na sociedade, que � a abertura de novos postos de trabalho.

Quem pode ser contra uma proposta dessas?

Ent�o � preciso perguntar isto aos deputados e mostrar ao povo a opini�o de cada um dos 513 representantes do povo.

Dir�o alguns: isto j� foi feito; � verdade, mas sem a repercuss�o e visibilidade que o debate precisa e merece.

Diante da quase \\\\\\\'indiferen�a\\\\\\\' da m�dia em rela��o ao tema, � preciso ampliar a press�o, pois parece que as formas mais convencionais de mobiliza��o sobre os deputados n�o est�o surtindo efeito.

Assim, � preciso organizar manifesta��es mais criativas que chamem aten��o da m�dia, da sociedade e dos deputados para o tema.

O movimento sindical est� organizado em quase todos os munic�pios do Pa�s. � imprescind�vel que os sindicatos atuem a�, principalmente, pois os deputados s�o eleitos nas cidades.

Os deputados s�o eleitos com votos de cinco, dez cidades, no m�ximo. Assim, � preciso procurar o padre, o vereador, o sindicato, a r�dio local, e cobrar dos deputados, em suas bases, o compromisso com a vota��o da mat�ria.

O que acham de apresentar aos parlamentares - deputados e senadores - e tamb�m �queles que ir�o disputar uma cadeira no Congresso uma enquete que, entre outras perguntas, questione sobre a redu��o da jornada de trabalho?

O tema exige atitude do movimento sindical. Com a proximidade das elei��es de 3 de outubro, o tempo conspira contra os trabalhadores, j� que o Congresso s� funcionar� pra valer no primeiro semestre.

Ent�o, m�os � obra.

Marcos Verlaine analista pol�tico e assessor parlamentar do Diap