23/03/2010
Dieese ajudará nas negociações para redução da jornada "Neste momento, nós vamos dar um enfoque para aprofundar a discussão da redução da jornada de trabalho, entendendo que esse movimento tem uma dimensão de luta nacional, mas sabendo que pode ter também no estado, na relação do trabalhador com seu segmento empresarial", diz Ganz Lúcio A 4ª Jornada Nacional de Debates organizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com apoio das seis centrais sindicais, que ocorrerá, a partir desta terça-feira (23), até o dia oito de abril em todas as capitais do país, terá como tema principal a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, afirmou que a 4ª Jornada Nacional de Debates vai analisar as tendências de negociações coletivas no segundo semestre. "Neste momento, nós vamos dar um enfoque para aprofundar a discussão da redução da jornada de trabalho, entendendo que esse movimento tem uma dimensão de luta nacional, mas sabendo que pode ter também no estado, na relação do trabalhador com seu segmento empresarial". O diretor do Dieese explicou que "para a realização da 4ª Jornada um técnico do Dieese se deslocará para cada cidade, as centrais mobilizarão o evento local e assim ocorre o debate, que tem por objetivo subsidiar o movimento sindical com informações sobre como desenvolver o desdobramento dessa luta, que pode continuar nas negociações coletivas numa pauta que inclua a dimensão da jornada de trabalho em termos de qualidade no trabalho", afirma Clemente. No último dia 11, o Dieese lançou nota à imprensa derrubando os argumentos dos empresários que são contra a redução da jornada de trabalho. O Departamento disse no texto que a jornada de 40 horas semanais, associada à coibição de horas extras, pode gerar mais de 2,5 milhões de empregos, que o custo do trabalho no Brasil é baixíssimo se comparado com outros países e o impacto da medida sobre os custos totais da indústria seria inferior a 2%. Reação do empresariado O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, lidera uma quinta visita ao Congresso para tentar evitar a votação da matéria que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais e aumenta para 75% o valor da hora extra. Dois destes encontros foram com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB/SP). Os empresários vão se dividir em visitas individuais aos parlamentares e se reunir com as bancadas para tentar adiar a discussão sobre a PEC. Eles alegam que a medida vai trazer prejuízo às empresas, principalmente as médias e pequenas empresas, e impedir o comércio de bens e serviço de abrir aos domingos em função dos custos trabalhistas. E ameaçam com desemprego, da mesma forma em que fizerem em 1988, quando a Constituição reduziu de 48 para 44 horas semanais a jornada de trabalho. "O assunto é polêmico, ameaça as empresas, vai trazer desemprego e não pode ser discutido no calor de um ano eleitoral", enfatizou José Paulo Cairoli, presidente da CACB. As centrais sindicais, ao contrário, querem aproveitar o ano eleitoral para colocar a matéria em votação. Para o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), o ano eleitoral é o momento ideal para a votação da matéria porque vai deixar claro para o eleitor quais os parlamentares que defendem os trabalhadores e aqueles que representam o interesse dos empresários. Veja abaixo as datas em que serão realizados todos os encontros da 4ª Jornada Nacional de Debates: 23 de março - São Paulo e Porto Alegre
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