A crise passou longe do mercado consumidor brasileiro em 2009 e n�o interrompeu a tend�ncia de ascens�o social das camadas de menor renda nos �ltimos anos. Sustentada pela popula��o do Nordeste, onde est� a maioria da popula��o de menor poder aquisitivo, a renda m�dia mensal cresceu cerca de 10% e atingiu R$ 1.285 no ano passado.

Essa � a maior renda nominal da popula��o desde que a Cetelem, empresa de cr�dito do grupo franc�s BNP Paribas, come�ou, em 2005, a fazer no Brasil a pesquisa Observador, em parceria com o instituto de pesquisa Ipsos. Realizada desde os anos 90 na Fran�a, a pesquisa retrata tend�ncias de consumo.
Em 2009, o maior crescimento na renda ocorreu nas camadas D/E, com expans�o de 12,8%, seguida pela classe C, cuja renda cresceu 6,2%. J� os rendimentos das classes A/B ca�ram 2%. "A Regi�o Nordeste e as classes C, D e E atenuaram o impacto da crise no consumo", diz o diretor-geral da Cetelem para a Am�rica Latina, Marc Campi.

Cr�dito. As classes C, D e E foram as mais beneficiadas pelas pol�ticas do governo contra a crise. O aumento da oferta de cr�dito e a redu��o de impostos sobre carros, geladeiras e m�quinas de lavar favoreceram a manuten��o do emprego e, consequentemente, da renda e do consumo.
O Nordeste observou a maior expans�o da renda entre as regi�es em 2009, com 25,2% sobre o ano anterior. Os microempres�rios de Recife (PE), Flavio Pontes Argay e Priscila Trindade, sentiram esse efeito.

Donos de uma empresa de brinquedos para shoppings, o microempres�rio diz que, com o ganho de renda na regi�o o seu neg�cio deixou de ser sazonal. "Antes t�nhamos de buscar mercado no Sudeste para sustentar a empresa." Mas, com o ganho de renda na regi�o, a situa��o mudou.
Sul. J� a renda da Regi�o Sul, que re�ne grande parte das classes mais altas, caiu 13% em 2009. "A crise pegou mais o topo da pir�mide, e a queda na renda reflete o recuo do PIB da regi�o", diz o diretor da Cetelem Brasil, Marcos Etchegoyen.
A pesquisa ouviu 1.500 pessoas em 70 cidades de nove regi�es metropolitanas, entre 18 e 29 de dezembro de 2009, e mostra que gastos com produtos e servi�os essenciais foram mantidos.

Em contrapartida, as despesas n�o essenciais foram lideradas pelos itens de vestu�rio, que cresceram 29%. Outro resultado relevante � que as despesas com presta��es e financiamentos banc�rios somaram R$ 98 mensais em 2009 e ocuparam a vice-lideran�a entre os gastos n�o essenciais.

Campi ressalta que a crise mudou o comportamento do consumidor, que est� mais maduro e ampliou a poupan�a. Em novembro de 2009, os entrevistados pouparam, em m�dia, R$ 535, ante R$ 315 no mesmo m�s de 2008. (Fonte: O Estado de S.Paulo)