Sorrisos para todos os lados, cumprimentos, disposição para tirar fotos e mais fotos. A ex-ministra Dilma Rousseff vestiu de corpo e alma o papel de pré-candidata do PT à Presidência, e exercita, a cada nova oportunidade, os ensinamentos que o presidente Lula lhe repassou nesses mais de sete anos de convivência - tentando deixar para trás a fama de durona que a acompanhou em boa parte de seu percurso na política até aqui.
Nesta entrevista exclusiva dada ao O POVO durante sua passagem por Fortaleza, na última terça-feira, contudo, estão mais do que meras poses de candidata: a petista expõe um pouco do que pensa sobre seu futuro governo, analisa alguns aspectos dos oito anos de Lula e fala da oposição, com críticas e cobranças aos adversários.
Participaram da entrevista - a primeira dada por Dilma a um jornal regional no País desde que deixou a Casa Civil e assumiu de vez sua pré-candidatura - os jornalistas Guálter George, editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Kamila Fernandes, editora-adjunta do mesmo núcleo, e Jocélio Leal, responsável pela coluna Vertical S/A.
Foi exatamente uma hora de conversa com a ministra, numa sala do Hotel Gran Marquise, onde pouco antes ela participara de um evento promovido pelo Grupo de Comunicação O POVO.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
O POVO - A senhora já tem claro hoje por que foi escolhida pré-candidata do presidente?
DILMA ROUSSEFF - Por que eu fui? Eu acho que pelos mesmos motivos que levaram o presidente a me escolher como ministra-chefe da Casa Civil. Porque a ministra-chefe da Casa Civil é o cargo, do ponto de vista político-administrativo, mais importante do governo. É a coordenação geral do governo. Por mim passavam todas as leis, as medidas provisórias, os decretos, e passavam também os grandes programas do governo. E a minha atividade é fazer a coordenação disso. Eu acho que esse contato diário que eu tive com o presidente... pessoas que trabalham muito tempo perto passam a se entender pelo olhar, você tem uma comunicação muito forte. Acho que o presidente confia em mim para que o nosso projeto de país seja um projeto bem sucedido, e essa confiança do presidente em mim faz com que esse desafio que eu tenho pela frente... eu vou honrá-lo, eu vou defender esse projeto, vou garantir que ele avance e isso que eu chamo de uma nova era que nós abrimos no governo Lula, eu vou garantir a continuidade. Eu também acho que porque ele sabe que eu conheço o governo, sabe que uma parte desse projeto tem uma parte de mim.
O POVO - Mas vai ser uma réplica do governo Lula?
DILMA - Nunca é.
O POVO - E como vai ser o governo Dilma?
DILMA - Sabe o que vai ser, vai ser o seguinte: vai ser um governo Lula avançado. Que é um governo Lula avançado? Quando nós começamos, nós começamos do nada. O Brasil não tinha, há anos e anos que não planejava, e havia toda uma demanda também, seria muito grave uma situação do Brasil hoje se nós não tivéssemos feito os programas sociais que nós fizemos, muito grave, porque você teria uma parte muito importante da nossa população sem nenhuma perspectiva, sem futuro. Hoje, não, nós temos clareza de que a população brasileira, os mais pobres desse país têm expectativa de futuro e podem tê-la porque nós vamos cumprir essa expectativa, nós demos um início a isso. Mas ainda tem muita gente para tirar da pobreza, tem muita gente, milhões e milhões de brasileiros, para a gente continuar elevando à classe média. Uma política no Brasil é uma política de desenvolvimento sustentável, então, daqui para a frente, nós vamos ter que elevar a taxa de investimento do país, o Brasil saiu de uma taxa de 13% e vai ter que chegar a uma taxa de 21% de investimento. Nós vamos ter de aprimorar a construção da nossa infraestrutura, não vamos parar de construir ferrovia nesse país.
O POVO - Mas a senhora tem críticas ao atual governo?
DILMA - Se eu elencar uma porção de "se" para você, poderia, "se" a gente tivesse encontrado um projeto, nós não encontramos, "se" o Brasil tivesse uma experiência de crescimento, não tinha, "se" as prefeituras que passaram anos e anos sem investir, na hora que nós colocamos dinheiro, elas também não tinham dinheiro para ficar fazendo projeto que ia para uma gaveta, "se" os governos do Estado também tivessem... Então, tem uma quantidade de se que não vale a pena a gente tratar.
O POVO - Mas são dois governos.
DILMA - Nós trocamos o pneu do carro com ele andando. Eu não vou precisar de trocar o pneu do carro com ele andando. Nós reconstruímos o planejamento no setor elétrico, nós pegamos o pré-sal e mudamos o pré-sal. Por que nós montamos o marco regulatório? Para poder obter mais riqueza com esse marco regulatório. Nós mudamos a forma de olhar a habitação popular no Brasil. Não podia, não sei se você sabe disso, era crime subsídio, era visto como uma influência negativa, como se você estivesse deturpando o mercado, como se o mercado conseguisse resolver a equação entre uma pessoa ganhar até três salários mínimos e a casa custar R$ 50 mil. A conta não fecha, só tem um jeito dela fechar, bota a mão no bolso do Tesouro Nacional, tira o dinheiro e dá diretamente para a pessoa ou a família que vai ser beneficiada. Então, nós mudamos modelos. O que eu me orgulho é de ter ajudado a mudar esses modelos, de ter participado diretamente. Eu saía da radioterapia, ia para um prédio da Petrobras, onde a Petrobras tem escritório em São Paulo, e passava a tarde inteira de uma reunião sobre o pré-sal. Então, uma parte de mim está ali, ou seja, eu não sou uma pessoa que estou fora desse governo, ele é outro governo. Eu ajudei para que esse governo tivesse as condições de fazer o futuro.
O POVO - Ministra, a senhora falou no seu discurso lá no almoço em olhar nordestino, como sendo isso uma virtude desse governo. Minha pergunta é em que medida a senhora diria que é preciso uma política nacional, que dê para cada região o papel de protagonista? Quando a senhora fala em olhar nordestino, me remete a uma certa, digamos, a um certo carinho especial.
DILMA - Não é esse o sentido.
O POVO - Na União Europeia fizeram isso, uma política de compensação...
DILMA - Que está dando errado, né?
O POVO - Como é que a senhora imagina isso para o Brasil?
DILMA - O que é uma política regional? É planejamento regional para o Brasil. Planejamento regional para o Brasil não é que o Nordeste tem de passar por todas as fases que São Paulo passou para chegar a ser um dos Estados mais desenvolvidos do Brasil. O Nordeste olhar para o Nordeste é combinar algumas coisas, é você perceber que aqui você tem uma dinâmica que vai ter de ser estimulada a partir do fato de que nós vamos ter de relocalizar um conjunto de ramos produtivos que estavam fora daqui. Não tem porque o Nordeste não ter petroquímico, não tem porque o Nordeste não se beneficiar, mesmo que ele não tenha petróleo na quantidade que tem em outros Estados do País, do boom da indústria do petróleo e gás, tem de relocalizar, tem de botar estaleiro, acho que essa é uma questão importantíssima, tem de botar refinaria, tem que ter siderúrgica, você tem que ter as chamadas indústrias pesadas, tradicionais, que sempre puxaram emprego. Agora, o Nordeste tem uma característica que é esse novo olhar nordestino. Eu dou muita importância para o que eu vi hoje nesse seminário do O POVO, que é o empreendedorismo. Eu estou convencida que certos arranjos produtivos locais, certas cadeias produtivas que você encontra aqui, extremamente competitivas, são padrões de desenvolvimento que nós queremos para o Brasil.
O POVO - Essa ideia faz parte do Projeto Nordeste do Mangabeira Unger?
DILMA - Faz parte do Projeto do Nordeste. Aliás, eu coordenei com ele esse projeto. Significa o seguinte, que você não pode deixar de perceber que essa questão da liderança empreendedora não é uma questão que se resolve pura e simplesmente trazendo grandes indústrias produtivas. Eu acho que tem de trazer para cá. Acho que aqui tem de ter uma estrutura pesada, agora acho que o olhar nordestino para o Nordeste é aprender com a própria experiência gerada aqui de sobrevivência de ramos inteiros, das indústrias, chamadas indústrias tradicionais, vestuário, calçado, que passam a ter possibilidade de gerar receita, não é inovação só no sentido de que eu inovei em produto, eu inovei o processo. Aqui tem inovações de processo, em que você distribui a produção por vários pequenos.
O POVO - Mas isso ainda não saiu do papel no governo Lula.
DILMA - Olha, eu vou falar uma coisa para vocês, nós, se você pegar a política do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Brasil, para a questão do crédito, saiu sim. Nós agora vamos fazer são os passos seguintes. Você não consegue fazer tudo em quatro anos. Primeiro nós pegamos o país quebrado, 2003, quebradinho da silva, vamos lembrar disso. Pegamos o Brasil devendo pro Fundo Monetário, com US$ 14 bilhões em caixa. A inflação com 12%, a taxa de juros nas alturas. E tivemos de consertar a casa, e aí consertamos a casa. Começamos a criar os programas sociais, nós tivemos a grande aceleração do nosso governo, foi um governo muito prudente, foi com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que nós botamos os investimentos na ordem do dia e soltamos dinheiro para as prefeituras.
O POVO - E o ritmo do PAC, que é sempre uma questão colocada.
DILMA - Vocês viram o último dado do Contas Abertas? O Contas Abertas, absolutamente insuspeito (ironia). O que o Contas Abertas está dizendo é o seguinte: acelerou-se o PAC. Em 2007, 2008 e 2009, somados, somados os três trimestres deu R$ 3,6 bilhões de desembolso de Orçamento Geral da União. Em 2010, nos três primeiros meses, deu R$ 3,9 bilhões.
O POVO - Isso é efeito campanha?
DILMA - Sabe porque, eu vou explicar para você, é impossível, não sei se vocês têm noção, é impossível um gasto efeito campanha, efeito campanha você gasta migalha. Obra desse porte demanda planejamento. Sabe qual é a maior característica do PAC, ele não é só Orçamento Geral da União. Nenhum país do mundo fez obra de infraestrutura baseado no Orçamento Geral da União, não, sabe por que, porque não faz, é a combinação de Orçamento Geral da União mais crédito. E nós tiramos o crédito de R$ 380 bilhões para R$ 1,4 trilhão. E isso é dinheiro que o governo federal colocou à disposição. Era uma questão de prêmio quem tivesse acesso ao crédito de longo prazo no Brasil.
O POVO - Era loteria...
DILMA - Era loteria. Sabe qual era o maior horizonte de crédito no Brasil, cinco anos. Quando chegava a dez, era considerado crédito de longo prazo. Nós estamos financiando 20 anos. Não existe obra de infraestrutura, gente, sem financiamento de longo prazo. O PAC é isso. Nós botamos R$ 100 bilhões no BNDES para fazer o que, para fazer de longo prazo. Quem é que faz investimento de longo prazo no Brasil, quem é o banco que financia, é privado? Não. Agora vai ter de ser, um dos desafios daqui para frente é que só o BNDES não segura tudo o que nós vamos precisar de dinheiro, nós vamos precisar de mercado de capital, vamos precisar de banco privado, vamos precisar de fundo de pensão. É um baita esforço que o Brasil fez, mas eu te asseguro, hoje nós somos 100 mil vezes melhor do que éramos. Quem vier depois do governo Lula pega um país arrumado para crescer, na boca ali.
O POVO - O presidente Lula em 2003, logo que assumiu o governo, lançou uma nova Sudene. A senhora diria que a Sudene que está aí hoje a satisfaz?
DILMA - Eu acho que ainda ela não incorpou totalmente, mas ela está fazendo algumas coisas importantíssimas. Sem a Sudene, que controla alguns fundos, nós não tínhamos feito a Transnordestina. O dinheiro básico da Transnordestina, que a última parcela foi de R$ 1,6 bilhão, vem daí, quem administra esse R$ 1,6 bilhão é a Sudene. Óbvio que porque é a Transnordestina, como ela é um empreendimento caro, ela pegou um pedaço dos recursos expressivamente, agora nós estamos em outro ciclo. Esses recursos vão expandir, outros projetos vão entrar na pauta, e aí você vai ter que combinar... Por isso que te falo, não pode deixar tudo nas costas do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), porque senão ele não faz a política de fomento para o pequeno. Então, o que for grande aqui tem que ser BNDES, o que for grande, o que for obras de R$ 6 bilhões, R$ 5 bilhões, R$ 3 bilhões.
O POVO - A oposição tem dito que há uma situação preocupante no governo Lula, pelo aumento dos gastos de custeio. Como a senhora responde a essa crítica?
DILMA - Olha, se tem um governo que não praticou nem pratica demagogia, somos nós. Quando a gente tem que falar "não", a gente fala "não" com todos... não tem efes e erres no não, mas é com todos os efes e erres. Primeiro, hoje, nós somos o menor déficit primário e nominal, um dos menores do mundo, ao que eu saiba a oposição não fala isso, não. Nós somos menores de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com o Fundo Monetário, em todos os órgãos, enquanto os países da OCDE estão em torno de 15%, 12%, 10% na melhor hipótese, nós estamos ali em torno dos 2%, 3%. O que nós fizemos, esse déficit aumentou por conta da crise. Por que nós saltamos & nós íamos chegar a 1,8%? Nós aumentamos os gastos no ano de crise, nós fizemos um gasto que se chama contracíclico. Gasto contracíclico é aquele gasto que impede o ciclo que é de depressão de continuar. Nós preservamos empregos, nós investimos pesado. Ao contrário dos governos da oposição, que aprofundavam a crise, porque o estado falia, o nosso não só não faliu, como nós saímos mais fortes da crise do que entramos. Bom, mas não foi isso que a oposição queixa. A oposição fala muito em saúde, fala muito em educação, fala muito em segurança pública. Eu quero saber qual é a mágica que um governo pode fazer para aumentar e expandir o ensino profissional nesse país sem contratar professor. Fazer tudo o que nós temos de fazer e ainda está faltando muito o que fazer na área da saúde, sem contratar médicos, enfermeiros e agentes de saúde? Eu quero contar um episódio para vocês: eu era ministra de Minas e Energia escolhida pelo presidente. O Ministério de Minas e Energia é um anão deste tamanhozinho controlando um gigante chamado Petrobras, outro gigante chamado Eletrobrás. Sabe quantos engenheiros tinha dentro do Ministério? Cinco. Sabe quantos motoristas tinha dentro do Ministério? Uns 30. Então, nós vivíamos num país que tinha reduzido o estado a uma insignificância tal e vendia uma história para todo mundo de que nós não podíamos planejar, porque planejar é estatizante. A Esso planeja, a Shell planeja, a Epson planeja, todas as grandes empresas fazem uma coisa chamada planejamento estratégico.
O POVO - Outro aspecto que a oposição já toca bastante é sobre a sua falta de experiência em cargos eletivos. E numa campanha diz-se que isso é fundamental ter experiência de palanque...
DILMA - A ver, né. Isso ainda está para ser provado.
O POVO - Como a senhora está se preparando para a campanha, já que, em vários momentos pegam o discurso da senhora e falam que é gafe. Deve cair no emocional?
DILMA - Não é necessário cair no emocional, além do fato de que cada um de nós tem que ter paixão, coração, sensibilidade. Mas não é necessário, não é por aí a questão. A questão é a seguinte: a troco de que se acha que é gafe ir no túmulo do Tancredo (Neves)? Por quê? Eu, cada vez que falam isso, acho o seguinte, acho que faz parte da disputa política tentar colar no adversário algumas coisas.
O POVO - A senhora acha que precisa de um treinamento para falar?
DILMA - Posso te falar uma coisa? Você sabe, eu acho que tem uma tentativa de fazer com que eu não viaje, não abra a minha boca, não fale, não seja conhecida. Não vou me impressionar só por causa... Não, escuta, você acredita sinceramente que... eu tenho 62 anos de vida. Eu já fiz muita coisa. Você acredita, sinceramente, que o que eu falo é teleguiado, é porque eu não acredito? Só tem um jeito de eu comunicar com o eleitor, eu acredito no que eu falo.
O POVO - Mas o presidente Lula só conseguiu se eleger depois que ele mudou o discurso, orientado pelo Duda Mendonça.
DILMA - Mas eu, vou te dizer uma coisa, eu tenho um mestre, e meu mestre se chama Lula. Então, cinco anos, eu aprendi com o melhor dos melhores, aliás, com o cara. Não é, aprendi com ele. Acho que fui uma aluna, vamos dizer assim, muito séria, compenetrada, e eu aprendi muito.
O POVO - A senhora eleita presidente, a senhora vai precisar de um braço direito na gestão ou a senhora pretende acumular esses dois papéis?
DILMA - Ah, ninguém gere sem equipe, não. Ninguém.
O POVO - A senhora precisa de um braço direito?
DILMA - Mais do que um braço direito, preciso de uma equipe. Posso falar uma coisa? Eu não acredito que o presidente Lula precisava de um braço forte. Nós construímos foi uma equipe. Se a versão sobre o que nós fizemos é que tinha um braço forte, está errada. Eu fiz uma coordenação de equipe. De jeito nenhum eu acredito que uma andorinha faz verão. Várias andorinhas voando concertadamente fazem um lindo verão e um céu azul lindo. Acho que vou ter de ter uma equipe de muita qualidade, porque hoje nós temos uma experiência de governo que ninguém tira de nós. Não sei se você lembra, quando nós chegamos no governo diziam "que pessoal incompetente", "esse governo não dura", "esse governo acaba amanhã". Pior não é isso, pior é que "eles nunca, só tiveram vento a favor, viveram no momento em que o Brasil e o mundo estava numa fase de expansão. Nunca pegaram uma crise pela frente". Eles (governo FHC) pegaram a crise asiática, uma crisezinha russa, todas elas na periferia. Nós pegamos a maior crise do capitalismo depois de 1929. Nós quebramos? Nãnãnãnãnãnãnãnã. O Brasil entrou num grande processo de recessão? Também não. O Brasil hoje é um dos países reconhecidamente em melhor situação? É. Então, me desculpa. As versões que fazem sobre nós, nós não acreditamos nela porque nós não somos isso, faz parte da luta política. Agora eu espero que eles mostrem o que fizeram.
O POVO - A senhora tem sido bastante diplomática com o Ciro Gomes, mas ele tem sido mais agressivo em relação ao PT já faz algum tempo. A senhora teria medo da boca do Ciro durante a campanha?
DILMA - Não, não. Eu vou te dizer uma coisa, eu, em relação ao Ciro, e eu repito isso não é hoje, não, há muito tempo, eu tenho pelo Ciro admiração, respeito e amizade. E essa relação foi criada e se estreitou num momento difícil do governo. Eu cheguei na Casa Civil em 2005, e, naquele período, até o final do primeiro governo do presidente Lula, eu o encontrei sistematicamente todos os dias às 8 horas da manhã, e com ele discutia como era o nosso encaminhamento diante de toda a crise política que estava passando, vocês têm conhecimento dela. E eu tenho respeito pelo Ciro, eu considero o Ciro um homem de caráter, uma pessoa que mantém todas as credenciais para pleitear o que ele quiser. Eu, da minha parte, você jamais terá, em hipótese alguma, ocorra o que ocorrer, uma crítica ao Ciro. Porque tem certas coisas que você não esquece.
O POVO - Mas atrapalha a candidatura dele contra a sua?
DILMA - Para mim, eu sempre acreditarei que eu e o Ciro, no futuro, estaremos sempre do mesmo lado. E eu vou repetir para ti: ele tem direito de querer ser candidato. E além disso, eu gosto muito dele.
Bastidores
Além dos assessores da ministra e dos jornalistas do O POVO que fizeram as perguntas, acompanharam Dilma durante a entrevista petistas importantes: a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, o ex-ministro da Previdência, José Pimentel, e o presidente nacional da legenda, José Eduardo Dutra.
À medida que a entrevista foi transcorrendo e o gelo ia sendo quebrado, Dilma também deixava mais nítido o sotaque mineiro. Ao ponto de soltar, vez ou outra, um "ocê" no lugar de "você".
Com os gravadores desligados, Dilma continuou a conversa: "adoro que me vejam como uma ingênua despreparada", disse, ironizando os adversários. Sobre a campanha eleitoral e seus efeitos no corpo, Dilma ainda brincou: "Dizem que emagrece. Tomara!"
Sorrisos para todos os lados, cumprimentos, disposição para tirar fotos e mais fotos. A ex-ministra Dilma Rousseff vestiu de corpo e alma o papel de pré-candidata do PT à Presidência, e exercita, a cada nova oportunidade, os ensinamentos que o presidente Lula lhe repassou nesses mais de sete anos de convivência - tentando deixar para trás a fama de durona que a acompanhou em boa parte de seu percurso na política até aqui.
Nesta entrevista exclusiva dada ao O POVO durante sua passagem por Fortaleza, na última terça-feira, contudo, estão mais do que meras poses de candidata: a petista expõe um pouco do que pensa sobre seu futuro governo, analisa alguns aspectos dos oito anos de Lula e fala da oposição, com críticas e cobranças aos adversários.
Participaram da entrevista - a primeira dada por Dilma a um jornal regional no País desde que deixou a Casa Civil e assumiu de vez sua pré-candidatura - os jornalistas Guálter George, editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Kamila Fernandes, editora-adjunta do mesmo núcleo, e Jocélio Leal, responsável pela coluna Vertical S/A.
Foi exatamente uma hora de conversa com a ministra, numa sala do Hotel Gran Marquise, onde pouco antes ela participara de um evento promovido pelo Grupo de Comunicação O POVO.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
O POVO - A senhora já tem claro hoje por que foi escolhida pré-candidata do presidente?
DILMA ROUSSEFF - Por que eu fui? Eu acho que pelos mesmos motivos que levaram o presidente a me escolher como ministra-chefe da Casa Civil. Porque a ministra-chefe da Casa Civil é o cargo, do ponto de vista político-administrativo, mais importante do governo. É a coordenação geral do governo. Por mim passavam todas as leis, as medidas provisórias, os decretos, e passavam também os grandes programas do governo. E a minha atividade é fazer a coordenação disso. Eu acho que esse contato diário que eu tive com o presidente... pessoas que trabalham muito tempo perto passam a se entender pelo olhar, você tem uma comunicação muito forte. Acho que o presidente confia em mim para que o nosso projeto de país seja um projeto bem sucedido, e essa confiança do presidente em mim faz com que esse desafio que eu tenho pela frente... eu vou honrá-lo, eu vou defender esse projeto, vou garantir que ele avance e isso que eu chamo de uma nova era que nós abrimos no governo Lula, eu vou garantir a continuidade. Eu também acho que porque ele sabe que eu conheço o governo, sabe que uma parte desse projeto tem uma parte de mim.
O POVO - Mas vai ser uma réplica do governo Lula?
DILMA - Nunca é.
O POVO - E como vai ser o governo Dilma?
DILMA - Sabe o que vai ser, vai ser o seguinte: vai ser um governo Lula avançado. Que é um governo Lula avançado? Quando nós começamos, nós começamos do nada. O Brasil não tinha, há anos e anos que não planejava, e havia toda uma demanda também, seria muito grave uma situação do Brasil hoje se nós não tivéssemos feito os programas sociais que nós fizemos, muito grave, porque você teria uma parte muito importante da nossa população sem nenhuma perspectiva, sem futuro. Hoje, não, nós temos clareza de que a população brasileira, os mais pobres desse país têm expectativa de futuro e podem tê-la porque nós vamos cumprir essa expectativa, nós demos um início a isso. Mas ainda tem muita gente para tirar da pobreza, tem muita gente, milhões e milhões de brasileiros, para a gente continuar elevando à classe média. Uma política no Brasil é uma política de desenvolvimento sustentável, então, daqui para a frente, nós vamos ter que elevar a taxa de investimento do país, o Brasil saiu de uma taxa de 13% e vai ter que chegar a uma taxa de 21% de investimento. Nós vamos ter de aprimorar a construção da nossa infraestrutura, não vamos parar de construir ferrovia nesse país.
O POVO - Mas a senhora tem críticas ao atual governo?
DILMA - Se eu elencar uma porção de "se" para você, poderia, "se" a gente tivesse encontrado um projeto, nós não encontramos, "se" o Brasil tivesse uma experiência de crescimento, não tinha, "se" as prefeituras que passaram anos e anos sem investir, na hora que nós colocamos dinheiro, elas também não tinham dinheiro para ficar fazendo projeto que ia para uma gaveta, "se" os governos do Estado também tivessem... Então, tem uma quantidade de se que não vale a pena a gente tratar.
O POVO - Mas são dois governos.
DILMA - Nós trocamos o pneu do carro com ele andando. Eu não vou precisar de trocar o pneu do carro com ele andando. Nós reconstruímos o planejamento no setor elétrico, nós pegamos o pré-sal e mudamos o pré-sal. Por que nós montamos o marco regulatório? Para poder obter mais riqueza com esse marco regulatório. Nós mudamos a forma de olhar a habitação popular no Brasil. Não podia, não sei se você sabe disso, era crime subsídio, era visto como uma influência negativa, como se você estivesse deturpando o mercado, como se o mercado conseguisse resolver a equação entre uma pessoa ganhar até três salários mínimos e a casa custar R$ 50 mil. A conta não fecha, só tem um jeito dela fechar, bota a mão no bolso do Tesouro Nacional, tira o dinheiro e dá diretamente para a pessoa ou a família que vai ser beneficiada. Então, nós mudamos modelos. O que eu me orgulho é de ter ajudado a mudar esses modelos, de ter participado diretamente. Eu saía da radioterapia, ia para um prédio da Petrobras, onde a Petrobras tem escritório em São Paulo, e passava a tarde inteira de uma reunião sobre o pré-sal. Então, uma parte de mim está ali, ou seja, eu não sou uma pessoa que estou fora desse governo, ele é outro governo. Eu ajudei para que esse governo tivesse as condições de fazer o futuro.
O POVO - Ministra, a senhora falou no seu discurso lá no almoço em olhar nordestino, como sendo isso uma virtude desse governo. Minha pergunta é em que medida a senhora diria que é preciso uma política nacional, que dê para cada região o papel de protagonista? Quando a senhora fala em olhar nordestino, me remete a uma certa, digamos, a um certo carinho especial.
DILMA - Não é esse o sentido.
O POVO - Na União Europeia fizeram isso, uma política de compensação...
DILMA - Que está dando errado, né?
O POVO - Como é que a senhora imagina isso para o Brasil?
DILMA - O que é uma política regional? É planejamento regional para o Brasil. Planejamento regional para o Brasil não é que o Nordeste tem de passar por todas as fases que São Paulo passou para chegar a ser um dos Estados mais desenvolvidos do Brasil. O Nordeste olhar para o Nordeste é combinar algumas coisas, é você perceber que aqui você tem uma dinâmica que vai ter de ser estimulada a partir do fato de que nós vamos ter de relocalizar um conjunto de ramos produtivos que estavam fora daqui. Não tem porque o Nordeste não ter petroquímico, não tem porque o Nordeste não se beneficiar, mesmo que ele não tenha petróleo na quantidade que tem em outros Estados do País, do boom da indústria do petróleo e gás, tem de relocalizar, tem de botar estaleiro, acho que essa é uma questão importantíssima, tem de botar refinaria, tem que ter siderúrgica, você tem que ter as chamadas indústrias pesadas, tradicionais, que sempre puxaram emprego. Agora, o Nordeste tem uma característica que é esse novo olhar nordestino. Eu dou muita importância para o que eu vi hoje nesse seminário do O POVO, que é o empreendedorismo. Eu estou convencida que certos arranjos produtivos locais, certas cadeias produtivas que você encontra aqui, extremamente competitivas, são padrões de desenvolvimento que nós queremos para o Brasil.
O POVO - Essa ideia faz parte do Projeto Nordeste do Mangabeira Unger?
DILMA - Faz parte do Projeto do Nordeste. Aliás, eu coordenei com ele esse projeto. Significa o seguinte, que você não pode deixar de perceber que essa questão da liderança empreendedora não é uma questão que se resolve pura e simplesmente trazendo grandes indústrias produtivas. Eu acho que tem de trazer para cá. Acho que aqui tem de ter uma estrutura pesada, agora acho que o olhar nordestino para o Nordeste é aprender com a própria experiência gerada aqui de sobrevivência de ramos inteiros, das indústrias, chamadas indústrias tradicionais, vestuário, calçado, que passam a ter possibilidade de gerar receita, não é inovação só no sentido de que eu inovei em produto, eu inovei o processo. Aqui tem inovações de processo, em que você distribui a produção por vários pequenos.
O POVO - Mas isso ainda não saiu do papel no governo Lula.
DILMA - Olha, eu vou falar uma coisa para vocês, nós, se você pegar a política do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Brasil, para a questão do crédito, saiu sim. Nós agora vamos fazer são os passos seguintes. Você não consegue fazer tudo em quatro anos. Primeiro nós pegamos o país quebrado, 2003, quebradinho da silva, vamos lembrar disso. Pegamos o Brasil devendo pro Fundo Monetário, com US$ 14 bilhões em caixa. A inflação com 12%, a taxa de juros nas alturas. E tivemos de consertar a casa, e aí consertamos a casa. Começamos a criar os programas sociais, nós tivemos a grande aceleração do nosso governo, foi um governo muito prudente, foi com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que nós botamos os investimentos na ordem do dia e soltamos dinheiro para as prefeituras.
O POVO - E o ritmo do PAC, que é sempre uma questão colocada.
DILMA - Vocês viram o último dado do Contas Abertas? O Contas Abertas, absolutamente insuspeito (ironia). O que o Contas Abertas está dizendo é o seguinte: acelerou-se o PAC. Em 2007, 2008 e 2009, somados, somados os três trimestres deu R$ 3,6 bilhões de desembolso de Orçamento Geral da União. Em 2010, nos três primeiros meses, deu R$ 3,9 bilhões.
O POVO - Isso é efeito campanha?
DILMA - Sabe porque, eu vou explicar para você, é impossível, não sei se vocês têm noção, é impossível um gasto efeito campanha, efeito campanha você gasta migalha. Obra desse porte demanda planejamento. Sabe qual é a maior característica do PAC, ele não é só Orçamento Geral da União. Nenhum país do mundo fez obra de infraestrutura baseado no Orçamento Geral da União, não, sabe por que, porque não faz, é a combinação de Orçamento Geral da União mais crédito. E nós tiramos o crédito de R$ 380 bilhões para R$ 1,4 trilhão. E isso é dinheiro que o governo federal colocou à disposição. Era uma questão de prêmio quem tivesse acesso ao crédito de longo prazo no Brasil.
O POVO - Era loteria...
DILMA - Era loteria. Sabe qual era o maior horizonte de crédito no Brasil, cinco anos. Quando chegava a dez, era considerado crédito de longo prazo. Nós estamos financiando 20 anos. Não existe obra de infraestrutura, gente, sem financiamento de longo prazo. O PAC é isso. Nós botamos R$ 100 bilhões no BNDES para fazer o que, para fazer de longo prazo. Quem é que faz investimento de longo prazo no Brasil, quem é o banco que financia, é privado? Não. Agora vai ter de ser, um dos desafios daqui para frente é que só o BNDES não segura tudo o que nós vamos precisar de dinheiro, nós vamos precisar de mercado de capital, vamos precisar de banco privado, vamos precisar de fundo de pensão. É um baita esforço que o Brasil fez, mas eu te asseguro, hoje nós somos 100 mil vezes melhor do que éramos. Quem vier depois do governo Lula pega um país arrumado para crescer, na boca ali.
O POVO - O presidente Lula em 2003, logo que assumiu o governo, lançou uma nova Sudene. A senhora diria que a Sudene que está aí hoje a satisfaz?
DILMA - Eu acho que ainda ela não incorpou totalmente, mas ela está fazendo algumas coisas importantíssimas. Sem a Sudene, que controla alguns fundos, nós não tínhamos feito a Transnordestina. O dinheiro básico da Transnordestina, que a última parcela foi de R$ 1,6 bilhão, vem daí, quem administra esse R$ 1,6 bilhão é a Sudene. Óbvio que porque é a Transnordestina, como ela é um empreendimento caro, ela pegou um pedaço dos recursos expressivamente, agora nós estamos em outro ciclo. Esses recursos vão expandir, outros projetos vão entrar na pauta, e aí você vai ter que combinar... Por isso que te falo, não pode deixar tudo nas costas do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), porque senão ele não faz a política de fomento para o pequeno. Então, o que for grande aqui tem que ser BNDES, o que for grande, o que for obras de R$ 6 bilhões, R$ 5 bilhões, R$ 3 bilhões.
O POVO - A oposição tem dito que há uma situação preocupante no governo Lula, pelo aumento dos gastos de custeio. Como a senhora responde a essa crítica?
DILMA - Olha, se tem um governo que não praticou nem pratica demagogia, somos nós. Quando a gente tem que falar "não", a gente fala "não" com todos... não tem efes e erres no não, mas é com todos os efes e erres. Primeiro, hoje, nós somos o menor déficit primário e nominal, um dos menores do mundo, ao que eu saiba a oposição não fala isso, não. Nós somos menores de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com o Fundo Monetário, em todos os órgãos, enquanto os países da OCDE estão em torno de 15%, 12%, 10% na melhor hipótese, nós estamos ali em torno dos 2%, 3%. O que nós fizemos, esse déficit aumentou por conta da crise. Por que nós saltamos & nós íamos chegar a 1,8%? Nós aumentamos os gastos no ano de crise, nós fizemos um gasto que se chama contracíclico. Gasto contracíclico é aquele gasto que impede o ciclo que é de depressão de continuar. Nós preservamos empregos, nós investimos pesado. Ao contrário dos governos da oposição, que aprofundavam a crise, porque o estado falia, o nosso não só não faliu, como nós saímos mais fortes da crise do que entramos. Bom, mas não foi isso que a oposição queixa. A oposição fala muito em saúde, fala muito em educação, fala muito em segurança pública. Eu quero saber qual é a mágica que um governo pode fazer para aumentar e expandir o ensino profissional nesse país sem contratar professor. Fazer tudo o que nós temos de fazer e ainda está faltando muito o que fazer na área da saúde, sem contratar médicos, enfermeiros e agentes de saúde? Eu quero contar um episódio para vocês: eu era ministra de Minas e Energia escolhida pelo presidente. O Ministério de Minas e Energia é um anão deste tamanhozinho controlando um gigante chamado Petrobras, outro gigante chamado Eletrobrás. Sabe quantos engenheiros tinha dentro do Ministério? Cinco. Sabe quantos motoristas tinha dentro do Ministério? Uns 30. Então, nós vivíamos num país que tinha reduzido o estado a uma insignificância tal e vendia uma história para todo mundo de que nós não podíamos planejar, porque planejar é estatizante. A Esso planeja, a Shell planeja, a Epson planeja, todas as grandes empresas fazem uma coisa chamada planejamento estratégico.
O POVO - Outro aspecto que a oposição já toca bastante é sobre a sua falta de experiência em cargos eletivos. E numa campanha diz-se que isso é fundamental ter experiência de palanque...
DILMA - A ver, né. Isso ainda está para ser provado.
O POVO - Como a senhora está se preparando para a campanha, já que, em vários momentos pegam o discurso da senhora e falam que é gafe. Deve cair no emocional?
DILMA - Não é necessário cair no emocional, além do fato de que cada um de nós tem que ter paixão, coração, sensibilidade. Mas não é necessário, não é por aí a questão. A questão é a seguinte: a troco de que se acha que é gafe ir no túmulo do Tancredo (Neves)? Por quê? Eu, cada vez que falam isso, acho o seguinte, acho que faz parte da disputa política tentar colar no adversário algumas coisas.
O POVO - A senhora acha que precisa de um treinamento para falar?
DILMA - Posso te falar uma coisa? Você sabe, eu acho que tem uma tentativa de fazer com que eu não viaje, não abra a minha boca, não fale, não seja conhecida. Não vou me impressionar só por causa... Não, escuta, você acredita sinceramente que... eu tenho 62 anos de vida. Eu já fiz muita coisa. Você acredita, sinceramente, que o que eu falo é teleguiado, é porque eu não acredito? Só tem um jeito de eu comunicar com o eleitor, eu acredito no que eu falo.
O POVO - Mas o presidente Lula só conseguiu se eleger depois que ele mudou o discurso, orientado pelo Duda Mendonça.
DILMA - Mas eu, vou te dizer uma coisa, eu tenho um mestre, e meu mestre se chama Lula. Então, cinco anos, eu aprendi com o melhor dos melhores, aliás, com o cara. Não é, aprendi com ele. Acho que fui uma aluna, vamos dizer assim, muito séria, compenetrada, e eu aprendi muito.
O POVO - A senhora eleita presidente, a senhora vai precisar de um braço direito na gestão ou a senhora pretende acumular esses dois papéis?
DILMA - Ah, ninguém gere sem equipe, não. Ninguém.
O POVO - A senhora precisa de um braço direito?
DILMA