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11/08/2010
No Jornal Nacional, Marina nega conivência com mensalão e volta a elogiar FHC

A ex-ministra até tentou reforçar seu discurso socio-econômico-ambiental, mas foi tragada pelo apresentador Willian Bonner que insistiu com a candidata que ela precisava esclarecer sua suposta conivência com o escândalo do mensalão. Bonner também questionou o fato de a candidatura de Marina Silva não ser ancorada em uma coligação; é apoiada apenas pelo PV.

Numa aparente tentativa de a Globo de, mais uma vez, atingir o PT, o episódio do "mensalão" foi o tema dominante da entrevista dada pela candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, ao Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (10).

A ex-ministra até tentou reforçar seu discurso socio-econômico-ambiental, mas foi tragada pelo apresentador Willian Bonner que insistiu com a candidata que ela precisava esclarecer sua suposta conivência com o escândalo do mensalão.

No início da entrevista, de 12 minutos, Marina Silva foi perguntada se o fato de ser uma candidata de um tema só, o do meio ambiente, sem nenhuma experiência em outro setor, não iria prejudicar sua campanha e eventual governo caso viesse a ser eleita.

Marina fugiu até onde pode de uma resposta objetiva para a pergunta, ficou tergiversando sobre o que pode acontecer com o mundo até 2014, num discurso que chegou a cansar os entrevistadores Wiliian Bonner e Fátima Bernardes. Foi então interrompida para que respondesse a uma nova questão: a falta de alianças para governar o Brasil. A candidatura de Marina não tem o apoio de nenhum outro partido a não ser o seu próprio, o PV.

"Para mim é até mais fácil (não estar comprometida com outros partidos). Olho para a ministra Dilma e para o governador Serra e eles já estão tão comprometidos que só podem repetir mais do mesmo que foi visto com o presidente FHC, que era refém do fisiologismo dos Democratas, e com Lula, que ficou refém do fisiologismo do PMDB", disse ela.

Ignorando as divergências ideológicas e de projetos que separam PT e PSDB, a candidata propôs que num eventual governo seu tucanos e petistas trabalhem juntos. "Eu quero governar com os melhores, criando um diálogo entre PT e PSDB", afirmou.

Marina assegurou que apenas ela pode acabar com uma disputa de dezesseis anos entre PSDB e PT. "Irei criar uma base de sustentação que acabe com a ideia de situação pela situação e oposição pela oposição", garantiu. "Quem pode estabelecer um diálogo com essas forças que não se conversam é Marina Silva", proclamou a candidata, para logo depois cair em contradição ao dizer que o presidente Lula teve que governar com "quadros do PSDB".

Marina negou ainda que não contará com uma base de sustentação a um eventual governo do PV. "Vamos ter a colaboração de todos os partidos. Quando precisei aprovar leis no Congresso Nacional, consegui aprovar os meus projetos com o apoio de todos os partidos", afirmou.

Conivência com o mensalão
Apesar de algumas interrupções feitas por Bonner, o clima entre o casal de entrevistadores globais e a entrevistada foi bem mais ameno que o observado na entrevista feita na segunda-feira com a candidata do PT, Dilma Rousseff.

Questionada sobre o mensalão e sobre o fato de ter deixado o PT não por questões éticas, mas em função da política ambiental do governo, Marina diz que "não foi conivência, nem silêncio, o que aconteceu foi que todas as vezes que eu me manifestava eu não tinha audiência. Sempre disse que foi grave, que precisava de punição". Marina diz que essa luta pela ética se dá em qualquer partido, mas que era minoria no partido para combater pela causa ambiental".

Na época, a presidenciável ocupava o cargo de ministra do Meio Ambiente do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu sempre dizia que aquilo era condenável e que deveriam ser punidos todos os que cometeram irregularidades", reafirmou Marina.

A presidenciável listou algumas de suas propostas de governo, como a geração de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente, a ampliação do acesso à educação de qualidade e possibilidade de desenvolver a infraestrutura do País. Mas não teve tempo para expor com mais detalhes cada uma delas.

A candidata verde negou a fama que obteve durante o governo Lula de ser responsável pelo entrave de projetos do governo federal em razão da demora nas licenças ambientais. Marina prometeu que em um eventual governo irá acelerar e aperfeiçoar o licenciamento ambiental, agilizando projetos na área de infraestrutura.

Elogio à herança de FHC e Lula
Nas considerações finais, ela voltou a agradecer primeiro a Deus e mais uma vez se posicionou como a primeira mulher de origem humilde que poderá governar o País. "É possível que uma pessoa que nasceu na Floresta Amazônica, analfabeta até os 16 anos seja a primeira mulher de origem humilde a ser presidente", afirmou.

Ela também disse que o Brasil teve um sociólogo (FHC) que fez as transformações econômicas, um operário (Lula) que fez as transformações sociais e "eu vou fazer as grandes transformações na educação", finalizou.

Para líder do PV, Marina é prolixa
A entrevista de Marina Silva teve pouca repercussão na internet. No Twitter, apenas os eleitores de Marina se pronunciaram, elogiando a performance da candidata.

Um dos poucos líderes políticos a comentar a entrevista foi o líder do PV na Câmara, Edson Duarte. Ele acredita que Marina Silva teve um desempenho melhor na entrevista ao Jornal Nacional do que no debate entre os candidatos na Rede Bandeirantes.

Para Edson Duarte, no entanto, o principal problema da candidata do PV à Presidência da República apareceu também na sabatina da Globo: "A Marina é professora e política, ou seja, fala demais. Ela não é sucinta, não tem a objetividade, digamos assim".







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