A candidata Dilma Rousseff estreou, nesta segunda-feira (9), a rodada de entrevistas com os principais candidatos presidencias na bancada do principal telejornal da Globo, o Jornal Nacional, e se saiu muito bem. Confiante, elegante e bem treinada para dialogar com as c�meras e os entrevistadores, nem parecia a nervosa Dilma do debate na TV Bandeirantes.

Em recente entrevista � revista Isto�, o presidente Luis In�cio Lula da Silva disse que quando conheceu Dilma percebeu que estava diante de um "animal pol�tico n�o trabalhado". Era um elogio. Hoje, ap�s ver a performance da ministra na entrevista do Jornal Nacional, Lula certamente deve estar convencido de que agora est� diante de uma "fera pol�tica trabalhada" e preparada para encarar o desafio de disputar e vencer a corrida presidencial.

O casal global Willian Bonner e F�tima Bernardes, no papel de entrevistadores, passaram menos seguran�a do que a entrevistada. Bonner chegou a ser grosseiro com Dilma em alguns momentos. Mesmo assim, a ex-ministra n�o perdeu a tranquilidade, nem deixou-se pegar em eventuais saias justas como a que Bonner tentou criar ao citar o apoio de "aliados inc�modos" como Collor, Renan Calheiros e Jader Barbalho � candidatura petista.

Apesar de demorar um pouco para entrar propriamente no tema, Dilma conseguiu deixar claro que "a ampla alian�a" que o presidente Lula construiu foi o que permitiu que se aprovassem medidas que possibilitaram o sucesso de seu governo.

"O PT percebeu que governar um pa�s com a complexidade do Brasil implica necessariamente na capacidade de construir uma alian�a ampla", disse Dilma. A candidata ainda frisou que foram alian�as onde os aliados � que se submetiam �s diretrizes do governo e n�o o contr�rio.

O release do JN sobre a s�rie de entrevistas j� avisava que as sabatinas iriam abordar "pontos pol�micos de cada candidatura". E Dilma pareceu preparada para encar�-los. Mas apenas a pergunta sobre os aliados tratou de tema realmente pol�mico, as demais serviram de gancho para Dilma expor as muitas realiza��es do governo Lula.

Ela respondeu a perguntas dos entrevistadores durante 12 minutos. A primeira pergunta feita por Bonner � candidata foi quase um presente para Dilma mostrar que, para al�m de sua "falta de experi�ncia em elei��es", ela tem muita experi�ncia administrativa acumulada.

A candidata mencionou todas fun��es p�blicas importantes que ocupou desde a Secretaria de Planejamento da prefeitura de Porto Alegre, at� a chefia da Casa Civil da Presid�ncia da Rep�blica. "Eu considero que eu tenho experi�ncia administrativa suficiente [para governar o pa�s].

Mais do que isso, eu conhe�o o Brasil de ponta a ponta, conhe�o os problemas do governo brasileiro", garantiu. E aproveitou para reafirmar sua �tima rela��o com o presidente Lula. "Fui o bra�o direito e esquerdo dele nesse processo de transformar o Brasil em um pa�s diferente, que cresce, que distribui renda", afirmou.

Dilma tamb�m marcou um gola�o ao comparar sua fama de "durona" com uma m�e que busca ser firme com os filhos para que eles n�o se desviem. Apesar de ter sido neste momento que Bonner perdeu a compostura com a ex-ministra - a ponto de F�tima Bernardes ter que intervir na discuss�o - Dilma terminou sua fala sobre este tema passando a mensagem de pessoa "firme" que controla com r�dias curtas os subordinados para que as coisas possam efetivamente acontecer. "Tem uma hora que voc� tem que cobrar resultado", afirmou.

E aproveitou a pergunta para atacar seu principal advers�rio, Jos� Serra (PSDB). "Voc� nunca vai ver o governo do presidente Lula tratando qualquer movimento social a cassetete", numa refer�ncia �s v�rias manifesta��es sindicais que foram duramente reprimidas pelo pol�cia paulista durante a gest�o de Serra como governador de S�o Paulo.

Para al�m do destempero, Willian Bonner ainda mostrou desinforma��o quando tentou menosprezar o crescimento econ�mico do Brasil. Contrariando todos os indicadores que mostram que o Brasil est� vivendo um de seus melhores momentos na economia, Bonner questionou Dilma sobre o porqu� que o Brasil n�o cresce como os outros pa�ses emergentes e alguns pa�ses vizinhos.

O resultado da pergunta mal elaborada foi ter de ouvir de Dilma a reafirma��o de que o Brasil est� crescendo sim e que s� n�o cresceu antes pois teve que arrumar a casa depois de pegar um pa�s destru�do economicamente pelo governo anterior.

No final, Dilma disse que pretende "dar continuidade ao governo do presidente Lula". "Mas n�o � repetir, � avan�ar. Eu acredito que � a hora e a vez do Brasil".

Repercuss�o
A repercuss�o mais imediata da entrevista ocorreu no Twitter, onde ficou clara a percep��o de que a ex-ministra foi bem e que a nota negativa ficou para o casal de entrevistadores.

"Willian, F�tima, deixem a mulher responder e melhorem o n�vel das perguntas"; "O que foi essa entrevista da Dilma? S�rio que a Globo n�o tem ningu�m mais preparado que o casal Bonner pra fazer uma entrevista?"; "O q foi esse ataque � Dilma no JN? Bonner n�o deixava ela falar nada. Fora q n�o teve uma pergunta de verdade, s� acusa��es.", foram algumas das postagens feitas por internautas logo ap�s a entrevista.

At� o blogueiro Ricardo Noblat, alinhado com a oposi��o, teve que reconhecer: "Dilma n�o foi mal" disse, e depois explicou: "Foram 8 perguntas. Dilma enrolou ao responder a 5. Mas fez isso com talento. Dominou a cena. Pareceu + � vontade q os entrevistadores".

O presidente do PT, Jos� Eduardo Dutra, tamb�m gostou do desempenho da candidata. "Excelente participacao da Dilma no JN. Firme, sem perder a calma, nem cair nas provocacoes. Quem dizia que ela nao aguenta pressao?", disse o dirigente petista em seu perfil no Twitter.

O �nico escorreg�o da candidata foi ter confundido Baixada Santista com Baixada Fluminense. Mas depois ela se corrigiu. Por�m, a corre��o n�o bastou para que muitos twitteiros pegassem no p� da candidata por causa disso, numa atitude t�pica de internautas, sem maiores consequ�ncias para a avalia��o positiva da entrevista. Os termos "Willian Bonner", "F�tima Bernardes", "Dilma Rousseff" e "Baixada Santista" rapidamente ocuparam o "Top Trending Brasil" do Twitter.

O desafio de Serra e Marina, que ser�o entrevistados nesta ter�a e quarta-feira (11), respectivamente, ser� n�o ficar muito atr�s do desempenho de Dilma e enfrentar entrevistadores que, espera-se, estejam mais preparados para fazer as perguntas do que estavam nesta primeira entrevista.