O sal�rio m�dio de trabalhadoras com curso superior completo � de R$ 2.919,99. J� o ganho do sexo oposto, na mesma condi��o, chega a R$ 5.019,49 - uma diferen�a de 72%. Nessa situa��o, uma empresa pode contratar tr�s mulheres em vez de dois homens e ainda ter troco.

"As empresas est�o contratando mais mulheres porque � mais barato", reconheceu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao divulgar na �ltima quinta-feira (5) os dados de 2009 da Rela��o Anual de Informa��es Sociais (Rais) - a mais completa radiografia do mercado de trabalho brasileiro.

Mas isso n�o significa que todas as mulheres, mesmo comprovadamente competentes, est�o em condi��es salariais inferiores.

H�, ainda que minoritariamente, empresas remunerando suas funcion�rias bem acima da m�dia de renda masculina. � o caso da Primavera Enxovais, que conta com dez lojas no Distrito Federal. Segundo a propriet�ria da rede, Sueli Ribeiro, todas as 60 vendedoras s�o mulheres.

"Em muitos casos, elas ganham mais que os maridos", disse. Segundo Sueli, a prefer�ncia pelas mo�as leva em considera��o a pr�pria cultura feminina, que est� mais alinhada com o tipo de produto que vende. "Desde crian�a elas j� brincavam de casinha. � natural terem bom conhecimento de decora��o. E a resposta dos clientes � muito boa quando s�o atendidos por elas", ressaltou.

Disparidades
Como um retrato do pa�s no mercado de trabalho, a Rais comprova a desigualdade. Homens em geral ganham mais do que as mulheres, independentemente do n�vel de escolaridade. Quanto mais baixa a escolaridade, mais baixo � o sal�rio e mais alta � a rotatividade no emprego.

A cor tamb�m � determinante. Mesmo entre as pessoas do mesmo sexo, os negros ganham menos que os brancos. A maior disparidade ocorre entre os rendimentos m�dios de negros e brancos com n�vel superior completo. Os sal�rios m�dios dos negros representam 70,68% do rendimento dos brancos.

Outro dado relevante � a disparidade dos rendimento. Pela Rais, � no Distrito Federal onde se paga o maior sal�rio m�dio do pa�s. O brasiliense ganha R$ 3.445,06 - tr�s vezes mais que a renda de R$ 1.130,31, na Para�ba, e mais do que o dobro da m�dia nacional, de R$ 1.595,22. O motivo, segundo o ministro do Trabalho, � o funcionalismo p�blico da capital do pa�s, que puxa a rendimento para cima.

Mas h� um boa not�cia. A Rais mostrou que vem crescendo a participa��o no mercado de trabalhadores mais velhos, portanto mais experientes. Embora em n�meros absolutos eles estejam longe de ser o maior n�mero, o crescimento de vagas foi superior a 7% (quase o dobro da m�dia) entre os que t�m mais de 50 anos no mercado de trabalho. S� no ano passado, 372.783 pessoas de 50 a 64 anos acharam emprego.

A Rais provou ainda que poucos jovens v�m conseguindo ingressar no mercado de trabalho. Eles podem estar optando por permanecer mais tempo na escola - mas tamb�m s�o v�timas do preconceito das empresas porque n�o possuem experi�ncia e, no geral, t�m baixa qualifica��o.

Pior ano
Pelos dados da Rais, o Brasil criou, no ano passado, 1,766 milh�o de empregos - s� entre os empregos formais do setor privado foram 995 mil. Trata-se de uma varia��o de 4,48% em rela��o ao estoque de trabalhadores existentes em 2008.

Foi o pior resultado desde 2003, bem inferior a 2007, quando o mercado de trabalho (incluindo o setor p�blico) foi capaz de gerar 2,452 milh�es postos com carteira assinada.

Lupi explicou que o resultado menor de 2009 decorreu da crise econ�mica mundial, que come�ou no final de 2008 e se estendeu para o ano seguinte.

Com os dados do ano passado, o n�mero de trabalhadores com v�nculos formais no pa�s atingiu 41,207 milh�es. Cerca de 7,4 milh�es de empresas declararam a Rais, das quais 3,224 milh�es com empregados e 4,209 milh�es sem empregados.