A reportagem do jornalista Leandro Fortes, na revista CartaCapital, da semana passada, sobre Ver�nica Serra n�o ganhou uma linha nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A mat�ria da revista Veja, por outro lado, foi o destaque de capa de dois deles, que dedicam boa parte de seu notici�rio dominical � repercuss�o do tema

Duas reportagens publicadas neste fim de semana tinham a tarefa de agitar o notici�rio eleitoral. A primeira, sob o t�tulo Sinais trocados, foi publicada por Leandro Fortes em CartaCapital e narra o epis�dio em que a empresa de Ver�nica Serra, filha de Jos� Serra, deixou, em 2001, os dados banc�rios de 60 milh�es de brasileiros expostos a visita��o p�blica durante 60 dias.

A segunda, publicada pela revista Veja, conta que o filho da ministra-chefe da Casa Civil supostamente vende facilidades aos que querem fechar contratos com o Estado.

Uma delas, no entanto, foi ignorada pelos jornais de maior peso, os chamados "jornal�es". N�o � dif�cil imaginar qual.

A reportagem de Leandro Fortes sobre Ver�nica Serra n�o ganhou uma linha em O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A mat�ria de Veja, por outro lado, foi o destaque de capa de dois deles, que dedicam boa parte de seu notici�rio dominical � repercuss�o do tema.

O candidato do PSDB, que vem sendo convidado diariamente a opinar sobre a quebra de sigilo fiscal de sua filha, foi novamente ouvido.
N�o sobre o epis�dio da Decidir.com, empresa que tinha sua filha como s�cia, mas sobre a Capital Assessoria e Consultoria, do filho de Erenice Guerra, sempre apresentada como "bra�o-direito" de Dilma Rousseff.

Diferen�as

� um bom exerc�cio para o come�o desta semana imaginar por que os jornais nada noticiaram sobre a reportagem de Carta Capital. A revista sofre de falta de credibilidade? Certamente n�o. Al�m de contar com a assinatura de Mino Carta, um dos jornalistas de melhor reputa��o do pa�s, a revista n�o tem, ao longo de sua exist�ncia, um hist�rico de desmentidos e de distor��o de fatos.

Quanto a Veja, reputa��o ilibada n�o tem sido um sin�nimo da semanal da Abril. Foram muitos os epis�dios em que especialistas e autoridades tiveram de vir a p�blico afirmar que nada haviam dito � revista ou que tiveram suas falas distorcidas. Este caso n�o � diferente.

F�bio Baracat, empres�rio que aparece na reportagem deste fim de semana afirmando ter sido obrigado a negociar o pagamento de propinas com Ismael Guerra, emitiu nota mostrando-se "surpreendido" pela reportagem.

"Primeiramente gostaria de esclarecer que n�o sou e n�o fui funcion�rio, representante da empresa Vianet, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado (...) Durante o per�odo em que atuei na defesa dos interesses comerciais da MTA, conheci Israel Guerra, como profissional que atuava na organiza��o da documenta��o da empresa para participar de licita��es, cuja remunera��o previa percentual sobre eventual �xito, o qual repita-se, n�o era garantido (...) Acredito que tenha contribu�do com o esclarecimento dos fatos, na certeza de que fui mais uma personagem de um joguete pol�tico-eleitoral irrespons�vel do qual n�o participo".

Motivos

A vontade dos grandes jornais em mostrar epis�dios que possam enfraquecer a candidata Dilma Rousseff gera estranheza at� mesmo dentro dessas reda��es. Na �ltima semana, a Folha publicou que um erro da ex-ministra havia provocado preju�zo de R$ 1 bilh�o. A not�cia, sem base real, virou motivo de piada na internet, e um viral reproduzido pelo Twitter entrou para os principais t�picos mundiais da rede social.
Neste domingo, a ombudsman Suzana Singer chama aten��o dos editores da Folha. "O jornal avan�ou o sinal." Ela complementa: "Foi iniciativa de Dilma criar a tal tarifa social? N�o, foi institu�da no governo Fernando Henrique Cardoso".

A ombudsman pede que o jornal deixe o pr�prio leitor chegar a suas conclus�es, sem direcionamentos, e lembra que n�o tem havido a mesma cr�tica � gest�o de Serra em S�o Paulo.
"A Folha deveria retomar o equil�brio na sua cobertura eleitoral e abrir espa�o para vozes dissonantes. O apartidarismo - e n�o ter medo de cr�tica - sempre foram caracter�sticas preciosas deste jornal".

Neste momento, como os institutos de pesquisa indicam que � muito pequena a possibilidade de Dilma perder a elei��o, � preciso considerar outros interesses na divulga��o de algumas not�cias. O Painel da Folha d� uma pista ao falar do caso: "At� agora, ela era dada como nome certo num eventual governo Dilma".

O blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha, levanta uma indaga��o: "Ser� que tem o dedo de outros candidatos ao cargo na capa da Veja? Ou ser� que o Civita quer indicar o primeiro-ministro de um eventual governo Dilma?"

Mora a� uma diferen�a fundamental das atuais elei��es. Ainda n�o se sabe qual ser� o real impacto da internet sobre os n�meros finais da vota��o de 3 de outubro, mas a rede se converteu em um espa�o para tentar difundir propostas - a favor ou contra os candidatos - e not�cias que s�o ignoradas pela m�dia comercial. (Fonte: Rede Brasil Atual)