29/09/2010
Eleições 2010: um quarto dos candidatos não entregou declaração de IR
Se um cidadão brasileiro não entregar sua declaração de Imposto de Renda (IR) anual, a Receita Federal pode suspender o CPF do contribuinte que, por sua vez, pode ter dificuldades civis - restrição de participação em concurso público, dificuldade em obter crédito junto às instituições financeiras, etc. Mais de 26% dos quase 11 mil candidatos aptos às eleições deste ano, no entanto, ainda não entregaram a declaração de IR à Receita Federal.
Um levantamento inédito produzido pelo Contas Abertas mostra que 2.873 candidatos a cargos eletivos ainda não atenderam às exigências fiscais básicas. A maioria dos candidatos (1.612) concorre ao cargo de deputado estadual. Pouco mais de mil disputam uma cadeira na Câmara Federal e outros 103 na Câmara Distrital. No Senado, são 88 candidatos que ainda não entregaram suas declarações. Para o posto de governador e vice, 54 candidatos. À vice-presidente da República, apenas um candidato. A pesquisa da situação fiscal dos candidatos foi realizada no portal da Receita Federal entre os dias 20 e 28 de setembro. Juntos, os candidatos acumulam bens que chegam a R$ 167,2 milhões, segundo as declarações de patrimônio entregues ao Tribunal Superior Eleitoral. Alguns candidatos - 46 para ser mais preciso - admitiram ao TSE que possuíam patrimônio que varia entre R$ 300 mil e R$ 30 milhões, o que impediria omissão de informações fiscais à Receita. Cerca de 1.900 sequer declararam algum patrimônio ao tribunal. Para o professor de direito eleitoral da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília Antonio Aras, a não declaração do imposto de renda gerará problemas aos candidatos que se elegerem e àqueles que não forem eleitos. "Se não o faz, o candidato comete irregularidade eleitoral que poderia comprometer o seu pedido de registro e poderá prejudicar, inclusive, sua posse. A pessoa que declara não ter renda, tendo renda, comete crime de falsidade ideológica. No aspecto eminentemente tributário e fiscal, a omissão na declaração real de renda vai importar em algumas consequências fiscais", afirma. Aras considera grave o fato de parcela significativa dos candidatos em todo o país não apresentar declaração de renda. "No fundo, pode ser que essas pessoas creem tanto na impunidade que não levam a sério as regras", diz. O ideal, segundo o professor, é que a transparência prevaleça e todos aqueles que ocupam cargos públicos têm de ser cristalinos, até "para se evitar o que ocorreu com a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, que foi advertida pela Comissão de Ética da Presidência da República por não ter feito o que deveria". Assim que assumiu o cargo, ela deveria ter feito sua declaração de bens e renda para que o Estado verificasse sua evolução patrimonial durante a ocupação do cargo. "Quando se faz o registro da candidatura, exige-se a declaração de bens. Há candidatos, como aquele de São Paulo supostamente ligada ao PCC que tinha uma Ferrari. Ali detectaram um patrimônio de R$ 50 milhões. Houve também o caso de outro candidato que não tinha patrimônio nenhum e declarou R$ 18 milhões. Na verdade, esse tipo de estratégia tem mão dupla. O que declarou R$ 18 milhões não tinha nada, mas queria lavar dinheiro no futuro. E o outro que tinha R$ 50 milhões em origem, a história era outra", lembra. De acordo com a legislação, toda pessoa física que tenha recebido rendimentos tributáveis com valor superior a R$ 17.215,08 ou rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40 mil, é obrigada a declará-los à Receita. A regra vale também para os contribuintes que tinham em seu nome, em 31 de dezembro de 2009, patrimônio superior a R$ 300 mil. Balanço nacional O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de candidatos com a pendência - mais de 170 entre deputados e senadores. Em seguida, aparece São Paulo, com 167 candidatos sem declaração. Com menor quórum de pretendentes com a situação irregular do IR estão os estados do Tocantins (31), Rondônia (56) e Sergipe (58). Questionada sobre as implicações eleitorais da não entrega da declaração de imposto de renda, a assessoria do TSE limitou-se a afirmar que "se o candidato estiver com o seu CPF em situação irregular, a Receita Federal não fornece um CNPJ especial para que ele abra a conta que arrecadará as doações para a campanha".
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