O processo de crescimento da massa salarial que vem sendo verificado no Brasil � classificado como positivo pelo Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese).

"Vejo um ciclo virtuoso no aumento da massa salarial. H� um choror� de alguns setores, devido ao aumento no custo da m�o de obra, mas isso � normal", afirma o economista da institui��o, S�rgio Mendon�a.

No come�o da semana, o presidente da Federa��o das Ind�strias do estados de S�o Paulo (Fiesp) e da Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, demonstrou preocupa��o com os aumentos nos sal�rios dos brasileiros, considerando-os "um exagero se comparado ao resto do mundo".

Para ele, a "quest�o salarial ser� uma bomba de efeito retardado". Segundo disse, "se n�s n�o cuidarmos, teremos grandes problemas no curt�ssimo prazo".

A Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, divulgada ontem, mostra que o rendimento m�dio real (descontada a infla��o) dos ocupados em sete regi�es do pa�s subiu 1,8% em julho, chegando a R$ 1.289.

Para os assalariados, o incremento foi de 1,5%, com a renda atingindo R$ 1.340. A massa salarial cresceu 1,9% para os ocupados e 1,4% para os assalariados, "refletindo aumento do rendimento m�dio real, uma vez que o n�vel de ocupa��o permaneceu relativamente est�vel".

A expans�o da renda, argumenta Mendon�a, impulsiona o consumo, induzindo o aumento em investimentos e podendo levar a um crescimento nas importa��es . "Isso poderia ter algum impacto sobre o balan�o de pagamentos, mas h� outros pontos a se considerar para equilibrar essa equa��o", diz.

Segundo Mendon�a, o Brasil s� vai conseguir elevar significativamente o consumo com aumento da massa salarial. Essa mudan�a obriga as empresas a se preocupar com qualifica��o e reten��o de profissionais, quest�es at� ent�o pouco consideradas devido � farta oferta de m�o de obra.

"� preciso ter em mente que taxa de lucro n�o � imut�vel. A quest�o � que os juros no Brasil s�o altos e a carga tribut�ria, pesada. Isso acaba empurrando para cima a taxa m�nima de lucro para que o neg�cio seja vi�vel", avalia.

Mendon�a tamb�m ressalta que, apesar da melhora nas condi��es de emprego e renda, o Brasil ainda est� muito longe das condi��es apresentadas pelas grandes pot�ncias. De acordo com ele, a massa salarial nos pa�ses desenvolvidos varia de 60% a 70% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no Brasil, gira em torno de 40%.