Gustavo Gantois e Mariana Londres,
no R7

H� oito anos, quando o presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi eleito para seu primeiro mandato, as pesquisas de opini�o mostraram que o desemprego e a fome eram as maiores preocupa��es dos brasileiros. Chegando ao fim do governo mais popular da hist�ria recente, um novo levantamento, feito em setembro pelo instituto Datafolha, mostrou que os dois maiores tormentos agora s�o a sa�de e a seguran�a.

Sinal dos tempos, a campanha presidencial de 2010 quase deixou o tema emprego passar em branco. Enquanto o Lula candidato prometia a gera��o de 10 milh�es de vagas formais, a presidente eleita, Dilma Rousseff, fez quest�o de n�o fixar qualquer meta. Segundo o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, que participou do programa de governo de Dilma na �rea, a aus�ncia foi proposital.

- Ela n�o precisou e nem precisa prometer porque j� est� fazendo. O governo da Dilma � o da continuidade.

De acordo com a Rais (Rela��o Anual de Informa��es Sociais), que registra todas as contrata��es e demiss�es de empregados regidos pela CLT (Consolida��o das Leis do Trabalho), pelo regime estatut�rio, dos servidores p�blicos, al�m dos trabalhadores tempor�rios e avulsos, a expans�o durante o governo Lula � incontest�vel. De 2003 at� setembro de 2010 foram criados 14.725.039 empregos. Isso d� a Lula uma m�dia de 1,8 milh�o de postos de trabalho por cada ano de seu governo.

Fernando Henrique Cardoso criou 5.016.672 empregos em seus oito anos de mandato, uma m�dia de 627 mil. Itamar Franco, que governou de 1993 a 1994, gerou 1.394.398 postos - m�dia de 697 mil. Jos� Sarney, em seus cinco anos como presidente, criou 3.994.437 empregos, marcando a segunda melhor m�dia (998 mil) dos �ltimos 30 anos. Fernando Collor, por sua vez, deixou o governo com a extin��o de mais de 2,2 milh�es de postos de trabalho.

Os 14,7 milh�es de empregos gerados nos oito anos do governo Lula at� setembro deste ano, portanto, superam a soma dos empregos gerados nos governos FHC, Itamar, e Sarney, que juntos s�o 10,4 milh�es em 15 anos. Isso sem contar com o fechamento de 2,2 milh�es de vagas durante os tr�s anos do governo Collor, o que daria um saldo de 8,2 milh�es de empregos em 18 anos.

Propostas de Dilma
Em seu programa de governo, a presidente eleita afirma que vai trabalhar a quest�o do emprego em tr�s frentes. A primeira, calcada na continuidade da gera��o, vem do seu pr�prio perfil de quem v� o Estado como grande indutor do crescimento econ�mico.

Para isso, como argumenta Lupi, vai investir ainda mais em obras do PAC (Programa de Acelera��o do Crescimento), do programa Minha Casa, Minha Vida, e, principalmente, em projetos da Petrobras estimados em R$ 250 bilh�es at� 2014 - outros R$ 462 bilh�es est�o previstos p�s-2014.

- As a��es estatais s�o a locomotiva do crescimento econ�mico e da gera��o de emprego. H� projetos gigantescos envolvendo o Comperj [Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro] que v�o demandar investimentos em hotelaria, restaurantes e outros servi�os. Isso tudo � emprego que n�o acaba mais.

A segunda frente de Dilma � a amplia��o de cursos t�cnicos para todos os munic�pios com mais de 50 mil habitantes. Nesse ponto, os n�meros est�o a seu favor. Desde 2003, foram abertas 214 novas escolas profissionalizantes, com a oferta de 500 mil matr�culas. Ainda nessa frente, h� o programa Pr�ximo Passo, que pretende qualificar, entre os benefici�rios do Bolsa Fam�lia, 145 mil trabalhadores na �rea da constru��o civil e 25 mil na �rea de turismo e hotelaria.

O terceiro nicho de gera��o de empregos talvez seja o mais importante. De acordo com proje��o do Sebrae (Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas), os pequenos empres�rios ser�o respons�veis por quase 80% de todas as vagas criadas em 2010. Dilma afirma, em seu programa de governo, que far� pol�ticas especiais tribut�rias, de cr�dito, qualifica��o profissional e suporte tecnol�gico para ampliar o setor.

Para o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada), M�rcio Pochmann, tudo leva a crer que o caminho seja realmente esse. Apostar em milagres, como j� foi comprovado pela hist�ria recente brasileira, n�o � saud�vel.

- Muito j� foi feito no sentido de criar falsos processos de gera��o sustent�vel de emprego. Investir nas micro e pequenas empresas e, ao mesmo tempo, estimular o restante da economia por meio de a��es estatais � uma sa�da vi�vel. Mas n�o h� melhor indicativo de sustentabilidade do que 28 milh�es de brasileiros saindo da pobreza e tendo apoio do Estado para buscar um emprego digno. Fonte: Diap