O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, está devendo explicações à sociedade sobre a rápida multiplicação do seu patrimônio, denunciada pelo jornal Folha de S. Paulo. É a opinião de dirigentes dos partidos que compõem a base aliada do governo, inclusive do Partido dos Trabalhadores, à qual o controvertido ministro é filiado.
O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, foi um dos que cobraram maiores esclarecimentos de Palocci. “Ele deve sim dar as explicações que a sociedade deseja. Como ministro, como homem público, acho que ele deve à sociedade essa explicação”, afirmou Campos, ponderando que isto não significa condenação prévia. “Agora o que não pode ser feito é prejulgamento. Prejulgamento não é democrático". Ele também manifestou preocupação com a crise política provocada pelo episódio. "Não devemos permitir que a rinha política atrapalhe o Brasil neste momento”, afirmou.
Povo e opinião pública
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, externou opinião parecida. ““Esperamos que o Palocci dê uma explicação clara sobre as denúncias de enriquecimento rápido. O governo já manifestou esta expectativa e é algo que o povo e a opinião pública também esperam”, declarou ao Vermelho.
Durante reunião da Executiva Nacional do PT, nesta quinta (2), o secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas, sugeriu que o fato de o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ir a público dar explicações sobre sua evolução patrimonial ajudaria na solução da crise política enfrentada pelo governo. Vargas ressaltou que a direção nacional do PT não tem suspeitas sobre Palocci.
“Ele, indo a público, ajuda, não tem nenhum tipo de impedimento. Ajudaria a solucionar esta crise”, afirmou Vargas, durante intervalo da reunião da Executiva Nacional do partido. "Nós, do PT, não temos nenhum tipo de suspeita em relação ao ministro Palocci. Nós, da direção nacional, entendemos que ele está dando as explicações e estamos aguardando também que essas explicações se tornem públicas, na medida em que a Procuradoria-Geral [da República] é um órgão público”, acrescentou o secretário.
PT lava as mãos
A reunião mensal da Comissão Executiva Nacional do PT, realizada nesta quinta-feira (2), terminou sem que a legenda apresentasse uma declaração conjunta de apoio ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, gesto comparado por muitos analistas com o de Pôncio Pilatos perante a condenação de Jesus Cristo.
O presidente do PT, Rui Falcão, confirmou o que o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, havia dito mais cedo à imprensa: que Palocci deve se manifestar publicamente sobre o aumento de seu patrimônio em breve. O partido preferiu esperar essa declaração antes de se posicionar sobre o caso.
"O PT continua acompanhando o caso sem ter pressa de se posicionar", disse o deputado federal Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT. "A declaração do partido sem a totalidade das informações não ajuda no processo político. A nota deve ser emitida quando houver uma disposição que permita emitir essa nota".
Rui Falcão disse que a Executiva do partido tomou conhecimento que, em data próxima, o ministro Palocci se manifestará à imprensa. "Tendo recebido essas informações, a Executiva não entrou no mérito da questão. Não tendo entrado no mérito, não há como emitir nota, evidentemente".
Legalidade
O presidente do PT defendeu Palocci, dizendo que o ministro "agiu dentro da legalidade, com a lisura que lhe é peculiar". "Sua honestidade não está em questão nesse momento", afirmou, dizendo que o caso não tem impedido o governo de trabalhar.
A expectativa é que Palocci se pronuncie ainda nesta sexta-feira. Antes, portanto, da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), sobre a convocação do ministro para prestar esclarecimentos à Comissão de Agricultura da Casa. Desde a divulgação das denúncias envolvendo seu patrimônio, o ministro Palocci se manifestou sobre o caso apenas por meio de nota.
Situação delicada
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada no dia 15 de maio informou que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio em um período de quatro anos. Na Câmara, o PSDB levantou suspeitas sobre a liberação rápida da restituição do Imposto de Renda para uma empresa que teria, em contrapartida, financiado a campanha da presidente Dilma Rousseff. O ministro Palocci teria prestado consultoria para a empresa.
A situação do ministro parece a cada dia mais complexa e delicada, o que não é nada bom para o governo Dilma. A esperança da base aliada é que Palocci seja convincente nas explicações que estão sendo cobradas pelas lideranças e aguardadas pelo público.
Da Redação, com agências