O Brasil está crescendo em ritmo mais lento. A soma das riquezas do país foi de 0,8% no segundo trimestre de 2011, índice menor que o do início do ano (1,2%). A desaceleração só não foi maior porque o governo e as famílias gastaram muito. E pensando numa corrida às compras neste Natal, os lojistas prometem bater recorde na contratação de temporários.
A economia brasileira começou a pisar no freio. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, registrou crescimento de 0,8% no segundo trimestre do ano em relação aos primeiros três meses, quando a expansão havia sido de 1,2%. Anualizada, a expansão está em apenas 3,2%, muito distante dos 4,5% pretendidos pela presidente Dilma Rousseff.
O tranco foi registrado, principalmente, na indústria, afetada pelos juros altos, pelo arrocho no crédito e pelo dólar barato, que estimulou uma enxurrada de importações (alta de 6,1%). Na comparação com o desempenho de abril a junho de 2010, o PIB, de R$ 1,02 trilhão, saltou 3,1%, resultado que deixou o Brasil na 22ª posição em um conjunto de 47 países analisados pela Austin Rating. Entre os Brics, grupo que reúne China (+9,5%), Índia (+7,7%), Rússia (+3,4%) e África do Sul (+3%), o país superou apenas a nação africana.
O saldo final do PIB só não foi menor porque as famílias, independentemente do elevado custo do dinheiro - a taxa básica de juros (Selic) pulou de 10,75% em janeiro para 12,25% em junho -, foram às compras e o governo ampliou demasiadamente os gastos com a máquina pública. Também o setor de serviços, com incremento de 0,8%, se destacou.
Frente aos primeiros três meses do ano, o consumo dos lares cresceu 1%. Já as despesas do governo subiram 1,2%. Para Zeina Latif, economista sênior do Royal Bank of Scotland, a forte presença do Estado na economia foi desanimadora, pois forçou a alta da inflação e minou parcela importante do aperto monetário imposto pelo Banco Central.
Nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vários indicadores, como os da indústria (+0,2%), da agropecuária (-0,1%) e dos investimentos (+1,7%), apresentaram os piores resultados para um segundo trimestre desde 2009, período em que o Brasil começou a se recuperar da recessão decorrente da crise detonada pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.
Ciente da desaceleração da economia e temerosa com a possibilidade de um novo tombo do país, diante das turbulências que assolam os EUA e a Europa, a presidente Dilma garantiu: "Nós enfrentaremos a atual crise consumindo, investindo, ampliando e criando empregos, diminuindo impostos, plantando e colhendo os frutos da agropecuária brasileira", afirmou.
No acumulado do ano, o PIB cresceu 4,7%, número que continuará encolhendo até dezembro próximo. "Não há motivo para preocupação. A acomodação da economia brasileira está se dando em um ritmo moderado. Quase todos os setores já se recuperam da última crise", destacou Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. (Fonte: Correio Braziliense)