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23/11/2011
Novo salário mínimo eleva renda em 3% com reflexo no PIB, segundo BC

O já contratado reajuste de 14% do salário mínimo em janeiro de 2012 terá um impacto adicional de cerca de três pontos percentuais na massa de rendimentos do trabalho, que exclui os ganhos com a Previdência. A estimativa do Banco Central, publicada terça-feira (22) no Boletim Regional, foi feita com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, cuja amostragem é maior que a da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do mesmo instituto.

Em um box dentro do boletim, o BC calcula diferentes impactos do aumento do mínimo, dependendo da indexação do reajuste sobre faixas salariais que vão até dois mínimos. Caso ele alcançasse todos os trabalhadores com rendimentos até dois salários mínimos, a massa de rendimentos poderia crescer até 4,5% em 2012, somente como efeito do reajuste. Mas o estudo do BC, com base no que aconteceu em outros anos, conclui que o impacto deve ser de 3%.

O diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, avalia que o reajuste deve provocar um aquecimento da demanda no ano que vem. "Certamente o aumento do salário mínimo, na medida que aumenta a massa de rendimentos, terá um impacto sobre a demanda agregada. Mas em termos de inflação, esse impacto já está contemplado no nosso cenário [de evolução dos preços]", disse durante apresentação do Boletim Regional em Belo Horizonte.

Economistas ouvidos pelo Valor consideram forte o efeito do mínimo na massa de rendimentos projetado pelo BC e, consequentemente, na atividade econômica em 2012. A estimativa da autoridade monetária, no entanto, não provocou alteração das projeções feitas para o ano que vem, já que o fôlego extra dado pelo mínimo à economia já estava quantificado.

Em um momento de recrudescimento do cenário global, o aumento do mínimo ajudará a mitigar uma desaceleração forte da renda dos trabalhadores e também dos aposentados cujos rendimentos são reajustados pelo mínimo, jogando a favor da economia junto com o ciclo de afrouxamento monetário e com a reversão das medidas macroprudenciais. E o impacto não é apenas para os empregos privados. Há categorias no setor público cujos salários são calculados em múltiplos do mínimo.

"A impressão que se tinha é que o impacto do salário mínimo era apenas fiscal, mas esse aumento de 3% na massa projetado pelo BC mostra sua relevância no mercado de trabalho", avalia o economista-chefe da corretora Convenção Tullett Prebon, Fernando Montero. "Se considerarmos um ano com crescimento da economia em torno de 3,5%, esse impacto é muito grande", diz.

Segundo os cálculos de Fernanda Consorte, economista do Santander, esse impacto na massa de rendimentos do trabalho deve representar 0,5 ponto percentual do crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) projetado pelo Santander para 2012. "Cerca de 40% do PIB é referente aos salários. Considerando os reajustes para o próximo ano e os dissídios, chegamos a 0,5 ponto, o que é bem alto", afirma.

O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, também considera o impacto no PIB, mas calcula que ele será um pouco menor. A consultoria estima que a economia crescerá 3,1% em 2012, apresentando ligeira aceleração em relação a 2011, quando a expansão deve ser de 2,8%. "Sem o mínimo, o PIB também iria crescer 2,8% no ano que vem", calcula.

Romão afirma que não projetaria um aumento da renda real dos trabalhadores parecido com o deste ano para 2012 sem o impulso extra do mínimo. Com base em dados da PNAD, o economista espera que, descontada a inflação, o crescimento médio real da renda será de 3% em 2012, diante de 2,6% em 2011. Ele lembra que o cálculo do BC não leva em conta a renda dos aposentados, que representam nada menos do que 21,4% da massa total de rendimentos do país. "Dois terços dos aposentados ganham um salário mínimo e terão seu benefício reajustado em 14%. É mais um impulso de renda e consumo", diz.

Segundo Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, o reajuste do mínimo terá importante influência no consumo das famílias, que crescerá mais em 2012 do que em 2011. Para um PIB de 3,7% no ano que vem, Bacciotti projeta que a demanda das famílias crescerá 4,4%, frente a um avanço de 4,2% neste ano, com PIB de 3,3%. "Ainda que o investimento sofra com o cenário global, a renda e o consumo domésticos parecem estar contratados", diz Montero.

Fernanda, do Santander, também considera uma pressão inflacionária. "Considerando esse impulso adicional sobre a renda para o ano que vem, acredito que a inflação fique em torno de 6,0%, acima do centro da meta." Na contramão, o economista da LCA diz que seus cálculos já previam o impacto do mínimo.

"Já era sabido que o aumento real do mínimo no ano que vem seria de 7,5%. Essa nova conta do BC só vem confirmar nossas estimativas. Minha projeção de inflação está em 5,2% para 2012, já quantificando o efeito do aumento de 14% do salário mínimo", diz Romão. (Fonte: Valor Econômico)







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