A entrada das classes C e D, com cerca de 25 milhões de novos compradores, impulsionou o setor de turismo, na avaliação do Ministério do Turismo (MTur). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado de serviços relacionados às viagens movimentou R$ 127 bilhões no ano passado. O setor passou de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 para 3,6% no ano passado, sob a ótica da oferta.
O perfil de consumo da nova classe média é voltado para as viagens no Brasil, que são o tipo de turismo que mais se expande e responde por cerca de 85% do setor no País. A cada dez viajantes brasileiros, nove não saem do País. E 70% desta fatia de 10% que vai ao exterior também costumam fazer viagens nacionais.
"O turismo é um produto ao alcance da classe C", diz o ministro do Turismo, Gastão Vieira. Para ele, além do aumento do poder de compra, o setor está se tornando mais receptivo a esse público, ao desenvolver uma cadeia produtiva que permite condições e preços mais acessíveis. "A meta é manter o ritmo de crescimento", acrescenta.
As atividades caracteristicamente turísticas no Brasil, de acordo com o IBGE, são áreas transversais distribuídas entre diversas classes do setor de Serviços. Os serviços de alimentação e transporte aéreo são segmentos entre os que tiveram maior peso no PIB. A atividade turística impacta mais de 50 segmentos da economia.
Na estimativa do MTur, para cada 100 empregos criados na hotelaria, outros 26 são criados na indústria, e a cada R$ 100 faturados pelo setor hoteleiro, outros R$ 76 são injetados na indústria brasileira.
Mais turistas
De acordo com o Departamento de Estudos e Pesquisas (Depes) do Mtur, o incremento na renda de novos segmentos da população permitiu que o número de brasileiros que viajam passasse de 43 milhões em 2007 para 50 milhões em 2010. E a quantidade de viagens passou de 156 milhões, em 2007, para 186,5 milhões, em 2010.
Os primeiros dois meses deste ano seguem a tendência de crescimento. O mês de janeiro foi de recordes na série histórica, em desembarques domésticos (7,46 milhões), desembarques internacionais (950,3 mil) e receita cambial (US$ 661 milhões).
Crise
A crise econômica internacional causou impactos diretos sobre o turismo brasileiro e ainda assim o resultado foi positivo, na análise do diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas do MTur, José Francisco Salles Lopes.
"O Brasil tem menor dependência da situação internacional porque tem um mercado interno forte. A evolução do índice de consumo das famílias, que ficou em 4,1%, puxado pelo aumento da massa salarial, turbina esse mercado consumidor".
De acordo com o World Travel & Tourism Council (WTTC), na economia mundial em 2011, o turismo representou US$ 6,3 trilhões, com 255 milhões de empregos diretos e indiretos. Essa contribuição respondeu por 9% do PIB mundial e um em cada 12 postos de trabalho.
Nas projeções de médio prazo da entidade, o crescimento médio do setor é de 4% ao ano até 2022, quando o WTTC estima que 328 milhões de pessoas trabalharão direta e indiretamente no setor. (Fonte: Em Questão)